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    Notícias

    Qual o impacto da pandemia em cada segmento do setor imobiliário?

    Lajes corporativas, shoppings e hotéis são os mais ameaçados

    Daniel Caravetti

    17/09/2020

    Mesmo que, no geral, o mercado imobiliário tenha apresentado resiliência à recessão causada pela disseminação da Covid-19, os impactos são diferentes em cada segmento do setor. Pensando nisso, a Smartus reuniu as principais informações sobre cada um deles em meio à pandemia.

    Galpões logísticos

    Em função do cenário de isolamento social, o e-commerce encerrou o primeiro semestre com alta de 145% nas vendas e de 64% na busca pelas principais plataformas de venda online, além de ter quase dobrado o número de lojas digitais. Os dados são do estudo “E-commerce na Pandemia”, realizado pela Nuvemshop,  e foram comparados ao segundo semestre de 2019.

    Inevitavelmente, este panorama exigiu mais do setor logístico como um todo, incluindo os galpões, segmento do mercado imobiliário que mais se destaca na pandemia e tem sido a preferência dos gestores de fundos de investimentos imobiliários (FIIs)

    De acordo com levantamento da XP, 77% dos gestores estimam que os fundos de logística devem apresentar o maior crescimento de aluguéis do mercado no ano. Vale lembrar que, de acordo com a JLL, a taxa de vacância e o preço médio de locação apresentaram variações mínimas no primeiro semestre deste ano.

    Considerando apenas o segmento de galpões logísticos no estado de São Paulo, pólo econômico nacional, as altas taxas de ocupação e a escassez de áreas nas proximidades da capital têm impulsionado este mercado para o interior, em cidades estrategicamente localizadas para as empresas.

    Loteamentos

    O segmento de loteamentos é outro que vem apresentando um bom desempenho em meio à pandemia. De acordo com o Terra, do final de março até o início de julho, houve crescimento próximo a 200% nas vendas de lotes no país, em relação ao mesmo período do ano passado.

    Fato é que a venda de loteamentos vem sendo impulsionada pelo movimento de êxodo urbano e pelos cortes na taxa Selic. O primeiro vetor está relacionado com o isolamento social e a consolidação do home office por parte de muitas empresas brasileiras. 

    Uma vez que diversas pessoas passaram a ficar mais tempo em suas residências e agora podem trabalhar remotamente de qualquer lugar com internet, foi registrado um movimento migratório para o interior em busca de terrenos maiores e melhor qualidade de vida.

    Por sua vez, os cortes na Selic, que está em 2%, têm atraído tanto quem pretende construir uma residência quanto quem visa adquirir um lote como investimento. Respectivamente, as questões estão relacionadas com a melhora nas condições de financiamento, como feito pela Caixa, e a perda de atratividade dos investimentos de renda fixa devido à baixa rentabilidade.

    Residenciais verticais

    Além dos loteamentos, o cenário de baixas taxas de juros no crédito imobiliário e aumento da busca por investimentos alternativos tem fomentado o segmento residencial. Vale lembrar que para o investidor mais conservador, os imóveis surgem como a melhor opção de ativo seguro e rentável.

    Com isso, o segmento residencial manteve a quantidade de imóveis vendidos durante o primeiro semestre, com destaque para os projetos de baixa renda, que pouco sofreram na pandemia. Em outro extremo, os imóveis de alta renda também se mostraram resilientes.

    De acordo com os indicadores imobiliários nacionais da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), de janeiro a junho, mais de 71 mil unidades foram comercializadas, retração de apenas 2,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. É importante ressaltar que diversas incorporadoras adotaram a estratégia de interromper os lançamentos e focar na venda de estoque.

    De qualquer maneira, tudo indica que os lançamentos imobiliários estão sendo retomados neste segundo semestre. Em agosto, a intenção de compra de imóveis voltou aos patamares pré-pandemia, de acordo com estudo realizado pela Brain Inteligência Estratégica.

    Lajes corporativas

    Segundo a consultoria BTA (Betania Tanure Associados), 43% das empresas brasileiras adotaram o home office durante a pandemia do novo coronavírus. Nestas companhias, cerca de 60% dos funcionários estão trabalhando remotamente. A pesquisa entrevistou representantes de 359 empresas.

    Este cenário se consolidou como uma grande ameaça para o segmento de lajes corporativas. Mesmo assim, a taxa de vacância dos escritórios se manteve estável no segundo trimestre de 2020. De acordo com dados da SiiLA Brasil, aproximadamente 20% dos espaços estão desocupados, assim como havia acontecido no trimestre passado.

    Contudo, este desempenho também está relacionado com as concessões, descontos e carências fornecidas no primeiro semestre do ano. De acordo com o CEO da companhia, as lajes corporativas enfrentam agora a “prova de fogo”

    Shoppings Centers

    Outro segmento bastante afetado pela pandemia foi o de shopping centers, com o fechamento dos estabelecimentos durante meses. De acordo com a Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers), o país voltou a apresentar 100% dos ativos em funcionamento apenas no final de agosto.

    Contudo, a retomada das atividades não significa que o segmento vai rapidamente retomar aos níveis pré-pandemia. Isso porque os shoppings ainda estão funcionando em horários reduzidos e com fluxo de visitantes limitado. Além disso, muitos consumidores ainda estão com medo de visitar estabelecimentos comerciais e, ainda, as lojas físicas tem sido ameaçadas pelo crescimento do e-commerce.

    A desconfiança nos shopping centers também tem sido evidente no mercado de fundos imobiliários. Um levantamento feito pela Hedge Investments mostra que o segmento segue apresentando os piores resultados dentre os FIIs listados, com queda de 22,4% no ano. Enquanto isso, o IFIX (Índice de Fundos de Investimentos Imobiliários) caiu 13,1%.

    No entanto, a famosa frase “diante da crise é que surgem as oportunidades” pode definir o futuro do segmento. Pensando nisso, alguns shopping centers tem tentado se reinventar na pandemia, tendo como uma oportunidade a criação de espaços de coworking para trabalhadores e estudantes

    Hotéis

    O turismo certamente foi um dos setores que mais sofreu com a pandemia, uma vez que a recomendação de isolamento social fez com que a maioria das pessoas cancelasse suas viagens a passeio ou a negócio para evitar a disseminação do novo coronavírus.

    Inserida neste contexto está a hotelaria, que, do início da pandemia até o mês de junho, teve a taxa de ocupação próxima de zero, de acordo com a ABIH (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis). Naquele momento, o presidente da entidade classificou a situação como “beira da falência”.

    Porém, com o afrouxamento do isolamento, o segmento vem apresentando uma melhora nos indicadores. Em matéria do portal Catraca Livre, a ABIH revelou que alguns hotéis brasileiros apresentaram taxas de ocupação de 90% durante o feriado prolongado de 7 de setembro. A data também movimentou resorts e empreendimentos de multipropriedade.

    De qualquer maneira, tudo indica que a recuperação da hotelaria será paulatina e liderada pelo turismo local. Neste sentido, o segmento também pode sofrer concorrência dos imóveis de temporada, que cresceram como alternativa de turismo na pandemia. 

    Enquanto isso, o turismo de negócio deve ser o ramo mais afetado, de acordo com o presidente da ABIH. “Implica em viagens para reuniões ou eventos presenciais, e isso deve estar completamente suspenso em 2020”. 

    Foto: Hiperdados

     

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