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PIB da construção sobe 5,6% no 3º tri, mas acumula queda de 7,8% no ano
Recuo deve ser menor (2,5%) com bom desempenho esperado no 4º trimestre; atividades imobiliárias apresentam nova alta
Henrique Cisman
07/12/2020
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou na última quinta-feira (3) as contas nacionais trimestrais do país no período de julho a setembro, com uma retomada do Produto Interno Bruto (PIB) na ordem de 7,7% em relação aos três meses imediatamente anteriores, quando houve retração recorde de 9,6% devido à paralisação de boa parte das atividades econômicas.
No recorte da construção, o resultado foi 5,6% superior ao registrado no 2º trimestre, quando também houve retrocesso inédito na comparação com os três meses precedentes (- 8,1%). Para a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), “este é um resultado importante, apesar da base de comparação enfraquecida”, assinala em seu informativo econômico.
O crescimento do PIB da construção após quatro trimestres consecutivos de baixa – desde o 3º trimestre de 2019, na comparação com os períodos imediatamente precedentes – foi possibilitada por três fatores, segundo a CBIC, além da base de comparação muito baixa, como mencionado.
Em primeiro lugar, o elevado número de lançamentos de unidades em 2018 e 2019 garantiu a produção imobiliária ao longo do ano, uma vez que os ciclos são longos, geralmente superiores a dois anos. Ainda neste sentido, a Selic no menor patamar da história direcionou mais recursos para o mercado imobiliário, o que é apontado como o segundo grande motivo do bom desempenho no 3º trimestre.
Por fim, o informativo econômico destaca a “dinamização das atividades do segmento de infraestrutura” em razão do pleito eleitoral, o que se refletiu na quantidade de empregos gerados nos projetos do segmento: 41% de todas as vagas formais criadas na construção de julho a setembro, segundo o Novo Caged.
Nenhum desses fatores, entretanto, conseguiu fazer a construção superar o desempenho do 3º trimestre de 2019. Nessa base de comparação, o resultado do PIB entre julho e setembro de 2020 foi 3,9% menor, o que significa a terceira queda consecutiva – havia recuado 1,6% no 1º tri e 13,6% no 2ª tri, pior resultado da série iniciada em 1996 pelo IBGE.
A análise dos resultados trimestrais permite apontar que a pandemia do novo coronavírus ajudou a interromper a retomada da construção após anos de retração nas atividades e, consequentemente, no PIB do setor, embora este não tenha sido o único motivo para a dificuldade de se alcançar patamares anteriores à crise econômica entre os anos de 2014 e 2017.
Como podemos observar na tabela abaixo, o desempenho no 4º trimestre de 2019 já havia sido equivalente ao dos três meses precedentes, sem registrar variação positiva ou negativa. Neste contexto, é importante destacar que entre abril de 2014 e março de 2019 o PIB da construção encolheu durante vinte trimestres consecutivos, ou seja, o setor demorou mais para superar a crise.
De acordo com a CBIC, a construção está 36% abaixo do pico das atividades alcançado no 1º trimestre de 2014, exatamente antes da derrocada. Mesmo assim, o setor lidera o país nas vagas de trabalho formal criadas em 2020, com 138,4 mil empregos abertos de janeiro a outubro, entre contratações e desligamentos.
A Pnad Contínua aponta para a criação de 399 mil vagas no 3º trimestre do ano; assim, a construção agora emprega – formal ou informalmente, além de autônomos – 5,72 milhões de pessoas, alta de 7,5% ante o período de abril a junho. Assim como ocorre com o PIB, entretanto, na comparação com 2019 o tombo é grande, com mais de 1,1 milhão de trabalhadores desempregados na construção.
Segundo projeção realizada pelo Instituto Brasileiro de Economia da FGV a pedido do Sindicato da Indústria da Construção de São Paulo (Sinduscon/SP), o PIB do setor vai encolher 2,5% no final do ano em relação a 2019. A projeção considera uma retomada ainda mais forte no 4º trimestre – atualmente, a queda é equivalente a 7,8% no acumulado de janeiro a setembro.
Mercado imobiliário pode ser grande motor da recuperação
Com bons resultados de vendas mesmo durante os meses mais críticos de pandemia no país e um crescimento expressivo no 3º trimestre com o retorno dos lançamentos, o mercado de incorporação imobiliária pode ser a grande válvula de retomada para a construção brasileira.
De julho a setembro, o PIB das atividades imobiliárias avançou 1,1% em relação aos três meses precedentes. Esta foi a décima quarta alta consecutiva nessa base de comparação, movimento iniciado já no 2º trimestre de 2017. O mesmo ocorre se o recorte levar em consideração o trimestre do ano anterior: no 3º tri de 2020, o crescimento do PIB foi de 2,7% em relação a 2019. Veja a tabela.
Uma das maiores preocupações atualmente é com o desabastecimento e a consequente alta nos preços dos materiais de construção, fatores que podem ter contribuído para a redução do ritmo de algumas obras, na avaliação da CBIC. De janeiro a novembro, o grupo de materiais e equipamentos que compõe o Índice Nacional do Custo da Construção (INCC) subiu 16,7%.
“Esse movimento aconteceu em função do incremento expressivo em insumos importantes como tubos e conexões de PVC, condutores elétricos, tubos e conexões de ferro e aço, cimento, vergalhão e bloco cerâmico”, pontua a CBIC.
“É preciso ressaltar que o INCC/FGV apura o custo da construção em sete capitais do país. Portanto, aumentos ainda maiores podem ter sido registrados e não foram contabilizados pela metodologia de cálculo do referido indicador de custo da construção”, completa o informativo econômico da associação.
Além dessa questão, outros fatores também preocupam, como a evolução da pandemia de Covid-19 no Brasil e no mundo, a falta de recursos públicos para obras de infraestrutura e a situação fiscal do país.
“Cabe destacar, de forma muito especial, a demora no andamento de reformas estruturais, que poderá comprometer o crescimento nacional de forma sustentada. O país precisa avançar com as reformas administrativa e tributária para fortalecer o seu ambiente de negócios e criar condições para a economia se desenvolver”, arremata a CBIC.
Para o ano que vem, a FGV projeta uma alta de 3,8% no PIB da construção em relação a 2020, com uma recuperação ainda mais acentuada das empresas (alta de 4,1%) e uma participação importante do varejo, mas com menos estímulos diante do fim dos pagamentos do auxílio emergencial.
Imagem: twenty20photos
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