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    Notícias

    Vendas de imóveis registram alta de 57% no 3º trimestre

    Desabastecimento e alta no preço de insumos afetam o volume de lançamentos

    Daniel Caravetti

    24/11/2020

    Nesta segunda-feira (23), a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) apresentou os indicadores imobiliários nacionais referentes ao 3º trimestre de 2020. Segundo o presidente da entidade, José Carlos Martins, a pesquisa confirma previsões, mostrando um aumento nas vendas, um volume de lançamentos ainda reduzido e, consequentemente, uma redução do estoque.

    Boom de vendas

    Com mais de 54 mil unidades residenciais vendidas, o 3º trimestre deste ano apresentou alta de 57,5% em relação ao trimestre anterior e de 23,7% em relação ao mesmo período de 2019. O volume de vendas é semelhante ao visto no 4º trimestre do ano passado, mas ligeiramente superior. Importante destacar que o período de outubro a dezembro costuma ser o melhor em lançamentos e vendas.

    Fonte: CBIC/CII – Elaboração: CBIC – Correalização: SENAI

    Já no comparativo dos primeiros nove meses do ano, 2020 apresenta uma alta de 8,4% nas vendas, mesmo em meio à pandemia do novo coronavírus e à recessão econômica. Para Martins, “o isolamento social trouxe uma valorização do lar, que é o motivo para este momento positivo, juntamente com a redução das taxas de juros no crédito imobiliário”. 

    Neste sentido, vale lembrar que os financiamentos imobiliários com recursos das cadernetas do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) atingiram R$ 12,91 bilhões em setembro e bateram o recorde histórico pelo segundo mês consecutivo. Os dados são da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança).

    Até aqui, 2020 já soma R$ 78,8 bilhões financiados pelo SBPE e supera o resultado de todo o ano passado. De acordo com Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP (Sindicato da Habitação de São Paulo) e presidente da Comissão da Indústria Imobiliária (CII) da CBIC, até o final do ano deve ser alcançada a marca de R$ 100 bilhões, que não é obtida desde 2014.

    Ainda em relação ao volume de vendas, o crescimento em 2020 se faz presente em todas as regiões do Brasil, com destaque para Norte e Nordeste, que apresentam altas de 27,1% e 24,6%, respectivamente. O Sudeste, que segue liderando a venda de imóveis, apresentou o menor aumento, de 1,2%.

    Retomada gradual dos lançamentos

    De acordo com a pesquisa da CBIC, 42,8 mil unidades residenciais foram lançadas no 3º trimestre deste ano. A quantia significa uma alta de 114,1% em relação ao trimestre anterior, mas uma queda de 10,5% no comparativo com o mesmo período de 2019.

    Fonte: CBIC/CII – Elaboração: CBIC – Correalização: SENAI

    Mesmo com a significativa alta trimestral, os valores ainda não compensam as perdas do 1º semestre. No comparativo anual dos nove primeiros meses do ano, o volume de lançamentos ainda é 27,9% menor que em 2019. 

    Para o presidente da CBIC, apesar do crescimento nas vendas, o desabastecimento e o aumento no preço dos insumos têm reduzido a confiança dos incorporadores para lançar novos empreendimentos e seria o motivo da discrepância entre as variações de unidades vendidas e lançadas em 2020.

    “Ainda tenho visto muitas empresas segurando os lançamentos, pois essa situação afeta o custo e o cronograma da obra. No antigo Minha Casa, Minha Vida (agora Casa Verde e Amarela), por exemplo, a margem de variação de preço é muito baixa”, diz Martins.

    Sobre os lançamentos, vale lembrar ainda que, nos primeiros nove meses do ano, a única região que apresentou alta foi o Centro-Oeste. Segundo outro especialista que participou da divulgação da pesquisa, o sócio-diretor da Brain, Fábio Tadeu Araújo,  isso se deve a um represamento de lançamentos que ocorreu na região metropolitana de Goiânia em função da demora na aprovação dos projetos.

    Queda do estoque final

    A situação de alta nas vendas e volume ainda reduzido de lançamentos resulta, naturalmente, em uma baixa do estoque. Com pouco mais de 151 mil unidades residenciais disponíveis no 3T20, a queda foi de 5% em relação ao trimestre anterior e de 13% em relação ao 3T19.

    Considerando o resultado dos primeiros nove meses do ano, a queda na oferta de imóveis também é de 13%. Vale lembrar que houve redução de estoque em todas as regiões do Brasil.

    Para Petrucci, o cenário não é alarmante e indica um mercado em equilíbrio. Considerando a média de vendas do último ano encerrado em setembro, o estoque disponível ao final do 3º trimestre seria totalmente escoado em dez meses, menor prazo desde que a CBIC começou a divulgar os indicadores imobiliários nacionais.

    Fonte: CBIC/CII – Elaboração: CBIC – Correalização: SENAI

    Casa Verde e Amarela

    Passado mais um trimestre, o programa Minha Casa, Minha Vida, agora renomeado para Casa Verde e Amarela, segue exercendo papel importantíssimo para o setor imobiliário nacional, segundo ressalta Petrucci. No 3T20, o programa representou 53% do total de vendas e 54,7% do total de lançamentos no mercado residencial vertical.

    No Norte e no Nordeste, regiões priorizadas pelo novo programa habitacional, a representatividade nas vendas sobe para 73% e 64%, respectivamente. Enquanto isso, os lançamentos inseridos no Casa Verde e Amarela correspondem a 77% e 74% do total, na mesma ordem.

    Isso porque, de acordo com o presidente da CII, os números registrados nas duas regiões provavelmente seriam semelhantes em todo o país caso a pesquisa realizada não considerasse apenas 150 cidades do Brasil, sendo a maioria delas em regiões metropolitanas.

    “Nossa estimativa é que o mercado imobiliário do país depende de 70% a 80% do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e do Casa Verde e Amarela. Se tivéssemos todas as cidades do país abrangidas pelo estudo, provavelmente veríamos esses números. Há muitos municípios no interior que dependem do programa habitacional”, garante Petrucci.

    Perspectiva de futuro

    Por fim, o especialista falou sobre a perspectiva do setor imobiliário para este último trimestre do ano e para 2021: “No 4º trimestre deste ano, devemos ver novo crescimento nas vendas, pois este costuma ser o trimestre mais forte. Devemos terminar o ano com cerca de 15% a menos de lançamentos e alta nas vendas próxima a 10% [em relação a 2019]”. 

    “Pensando no próximo ano, acredito que estamos transferindo o otimismo que tínhamos inicialmente em 2020 para 2021. Tudo leva a crer que devemos crescer”, finaliza Petrucci.

    Foto: CBIC

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