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    Como o setor imobiliário tem se comportado no mercado de ações?

    Em meio à pandemia, três empresas buscam captar mais de R$ 1 bilhão no IPO

    Daniel Caravetti

    24/08/2020

    Além das diversas complicações sanitárias e macroeconômicas, o ano de 2020 certamente ficará marcado pelos impactos da pandemia no mercado de ações. No início do ano, já com os consecutivos cortes na taxa Selic, ativos de renda variável ganharam atratividade e a Bolsa ensaiava uma disparada, movimento que sofreu fortes interferências com a disseminação do novo coronavírus.

    O impacto inicial foi de espanto por parte dos investidores. Após a declaração de pandemia pela Organização Mundial da Saúde, no dia 11 de março, bolsas no mundo todo apresentaram quedas expressivas. No Brasil, em dez dias foram adicionados seis circuit breakers, evento que paralisa o pregão da bolsa de modo temporário para acalmar o mercado. Em março, o Ibovespa atingiu quase 30% de queda.

    No entanto, após os tombos iniciais e um melhor entendimento do novo cenário econômico mundial, boa parte dos investidores voltou a observar o mercado de ações buscando boas oportunidades de compra, o que fez com que a Bolsa apresentasse rápida recuperação. 

    É importante ressaltar, contudo, que sem uma previsão concreta de vacina, o panorama segue bastante incerto, o que tem refletido em alta volatilidade da Bolsa. Neste sentido, tem sido difícil fazer projeções e as empresas que pretendiam ingressar neste mercado têm adotado estratégias distintas. 

    Quanto às incorporadoras, que lideram em número de empresas à espera de autorização para listagem na Bolsa, a indecisão não tem sido diferente. Mesmo respaldadas nas baixas taxas de juros no crédito imobiliário, as empresas têm tomado diferentes rumos. Antes da pandemia, Mitre Realty (MTRE3) e Moura Dubeux (MDNE3) abriram capital e encerraram um jejum de 11 anos do setor.

    Riva 9 e You Inc desistem de IPOs

    Recentemente, duas incorporadoras que haviam manifestado interesse em abrir capital recuaram. Uma delas é a Riva 9, que pertence à Direcional (DIRR3). A empresa, única do setor que não havia suspendido o processo de abertura de capital após a pandemia, cancelou o IPO (Oferta Pública Inicial) citando “condições de mercado”.

    A outra é a You Inc, que havia suspendido a oferta pública inicial no começo da pandemia, mas chegou a solicitar para a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) retomar a análise de seu IPO no dia 11 de junho. Cerca de um mês depois, desistiu da ideia por conta da fraca demanda, segundo noticiado pelo Money Times.

    Cyrela deve abrir capital de três subsidiárias

    Em caminho oposto à Direcional, a Cyrela (CYRE3) decidiu abrir o capital de três subsidiárias em 2020, Cury, Plano & Plano e Lavvi. Todas elas prevêem distribuições primárias (papéis novos, cujos recursos vão para o caixa da companhia) e secundárias (ações detidas pelos atuais sócios). 

    A Cury tinha o IPO previsto para o primeiro semestre, mas, como muitos outros, ele foi adiado devido à pandemia. Em julho, a incorporadora retomou o pedido junto à CVM, mas ainda não tem data para estreia na Bolsa nem precificação das ações. 

    No mesmo mês, a Plano & Plano pediu registro para oferta pública inicial e ampliou a fila de incorporadoras em busca de recursos na mercado acionário. A incorporadora, assim como a Cury, tem foco em empreendimentos de baixa renda.

    Enquanto isso, a Lavvi (LAVV3), subsidiária da Cyrela que atua no segmento de alta renda, é a mais próxima do IPO, sendo listada na B3 na próxima quarta-feira, dia 2 de setembro. O período de reserva de ações para pequenos investidores termina no dia 28 de agosto. 

    Lavvi, Yuni e Urba esperam captações bilionárias no IPO

    De acordo com o prospecto preliminar, a Cyrela acredita que a oferta pública inicial de ações da Lavvi pode movimentar cerca de R$ 1,6 bilhão. Isso porque a oferta primária prevê a emissão de 93,2 milhões de novas ações, devendo ser acrescida de um lote secundário de 13,98 milhões e outro adicional de 18,64 milhões de ações. A faixa indicativa de preço da oferta está situada entre R$ 11,00 e R$ 14,50 por ação.

    Também com um plano bilionário, a Yuni deve concluir seu processo de IPO em breve. No início de agosto, o prospecto foi protocolado na CVM e a incorporadora já tem os bancos BTG e Itaú como coordenadores da oferta. Segundo apurou o Broadcast, a empresa vislumbra atrair R$ 1 bilhão em investimentos com a oferta de ações, essencialmente primária.

    O mesmo valor é esperado na oferta 100% primária da Urba, um braço de loteamentos da MRV (MRVE3). De acordo com o Brazil Journal, a companhia já escolheu BTG, Santander, Bradesco e Itaú como coordenadores da oferta, que deve acontecer em outubro.

    Fusão entre Gafisa e Tecnisa

    Na última semana, a Tecnisa (TCSA3) recebeu uma proposta não solicitada de fusão com a Gafisa (GFSA3), que mira a criação da segunda maior empresa do mercado imobiliário e já parece pronta para fazer a oferta pública de aquisição de ações da Tecnisa.

    O vice-presidente da Gafisa, Ian Andrade, garantiu ao Valor Econômico que a fusão das incorporadoras, “muito tradicionais e com nomes fortes no mercado”, permite destravar valor de ambas e retomar faturamentos aos melhores níveis históricos, nos patamares de 2012 e 2013.

    Novas e antigas intenções de IPO

    Mesmo com as desistências de Riva 9 e You Inc, a fila de incorporadoras para ingressar na Bolsa segue extensa. No segmento residencial, além das empresas citadas anteriormente, a paulistana Nortis pediu aval para oferta inicial de ações, assim como a mineira Patrimar, a gaúcha Melnick Even e o Grupo Kallas. Este último já manifestava interesse em abrir capital desde o início do ano.

    Outra empresa que já entrou com documentos na CVM é a Alphaville S.A., controladora da Alphaville Urbanismo, que atua no ramo de loteamentos. Vale lembrar que a própria Alphaville Urbanismo havia pedido registro de companhia aberta em março, mas cancelou a solicitação devido à pandemia.

    Além disso, neste mês, a EzTec (EZTC3), grande surpresa no segundo trimestre de 2020 com lucro líquido de R$ 68 bilhões e alta de 293%, registrou pedido de IPO da EZ Inc, seu braço de imóveis comerciais, e ampliou a lista de empresas do setor imobiliário que aguardam abertura de capital.

    Atualmente, a fila conta ainda com Pacaembu e One Innovation. Finalmente, a Inter Construtora, já listada no segmento de acesso Bovespa Mais, segue avaliando realizar uma oferta pública de ações.

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