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    Conservador? Mercado imobiliário brasileiro tem dois unicórnios

    Setor é o segundo com mais startups valendo US$ 1 bilhão, atrás apenas do mercado financeiro

    16/01/2020
    Por Daniel Caravetti

    Foi no ano de 2013 que a investidora-anjo Aileen Lee, fundadora da Cowboy Ventures, introduziu o termo “unicórnio” ao mercado de negócios através de seu artigo Welcome To The Unicorn Club: Learning From Billion-Dollar Startups. A partir de então, a figura mitológica representa startups que alcançaram grandes feitos e passaram a valer mais de US$ 1 bilhão, tais como as brasileiras do setor imobiliário Quinto Andar e Loft.

    Resumidamente, startups são empresas que se diferenciam das empresas tradicionais por uso intensivo de tecnologia, estrutura enxuta e inovação no modelo de negócio. Com a fusão dos elementos, o crescimento geralmente se torna muito mais acentuado do que de empresas tradicionais, mais engessadas. Segundo o Startupbase, o Brasil já conta com mais de 12 mil empresas nesse modelo.

    Quando a investidora criou o termo “unicórnio” no Vale do Silício, apenas 39 startups recebiam o título. A autora ainda lembrou de casos como Google (chamado anteriormente de Alphabet Inc.), criado em 1990 e considerado o super-unicórnio de tal década. Hoje, o número que compõe o ranking se multiplicou em mais de seis vezes e o Facebook é considerado o mais novo super-unicórnio.

    Vale lembrar que muitos destes unicórnios já estão inseridos ao nosso dia-dia, como Snapchat, Pinterest, Spotify, Dropbox, Uber e Airbnb. Inclusive, as duas últimas citadas, ao lado da SpaceX, representam os Estados Unidos entre as cinco startups mais valiosas do mundo. O ranking ainda conta com as chinesas Didi Chuxing e Toutiao. 

    Estados Unidos e China também lideram o ranking de empresas que atingiram o valor de US$ 1 bilhão no ano de 2019, com 78 e 22 startups, respectivamente. Na terceira posição está o Brasil, com cinco novos unicórnios, fazendo com que o país chegasse a 11 deles: 99 Taxi, Nubank, Stone, Arco Educação, Movile (Ifood), Loggi, Gympass, Ebanx, Wildlife, QuintoAndar e Loft (no dia 19 de março, o diretor de vendas da Loggi, Francesco Losurdo, e o diretor de negócios da Loft, João Vianna, palestram no Smartus Proptech Summit 2020).  

    Ainda existe uma polêmica em relação à classificação da PagSeguro, que seria outro unicórnio. O questionamento surge uma vez que a empresa não se trata de uma organização independente, tendo tido boa parte do seu crescimento sob o comando da UOL, sua proprietária.

    A última startup brasileira a alcançar a marca foi a Loft, o primeiro unicórnio de 2020 e o mais rápido de todos. Neste mês de janeiro, a empresa de compra e venda de imóveis recebeu um aporte de US$ 175 milhões dos fundos Andreessen Horowitz, Fifth Wall Ventures, Vulcan Capital, além de outras participações, e alcançou o valor de mercado de US$ 1 bilhão com apenas 16 meses de operação. 

    A startup, fundada em agosto de 2018 pelo alemão Florian Hagenbuch, de 32 anos, e pelo húngaro Mate Pencz, de 33, compra apartamentos usados, realiza reformas com empreiteiros parceiros e os revende de maneira on-line. O método conhecido como iBuyer se destaca por reduzir burocracias e satisfazer os gostos do perfil do novo consumidor.

    No início, a Loft atuava apenas em bairros luxuosos de São Paulo, mas expandiu seus negócios e hoje está em 16 bairros paulistanos, com imóveis de diferentes tamanhos e categorias, além de estrear no Rio de Janeiro. Em entrevista à Smartus, Mate Pencz revelou quais são os planos para 2020, agora com maior capital de investimento.

    Mate Pencz, um dos fundadores e co-CEO da Loft

    “O modelo de negócio da Loft pode ser facilmente replicado em outras cidades do mundo que também necessitam de mais transparência e liquidez nas transações imobiliárias. Chegaremos em Belo Horizonte ainda neste semestre e, até o final do ano, a mais três capitais. Fora do Brasil, vamos iniciar uma atuação em breve na Cidade do México. Estamos muito otimistas com as perspectivas e oportunidades”, diz.

    “O investimento recebido será o combustível para darmos sequência à nossa expansão, além de ampliar nosso portfólio de produtos e serviços. Para ter um atendimento cada vez mais completo, também estamos planejando escalar as linhas de produtos financeiros, incluindo hipotecas e seguros. Continuaremos desenvolvendo o mercado e transformando a experiência de quem compra, reforma e vende imóveis”, completa.

    Questionado sobre as maiores dificuldades desde que surgiu a ideia do modelo de negócio até se tornar um unicórnio, Pencz destaca a burocracia no setor: “Acredito que entender a dinâmica do mercado e superar os principais gargalos burocráticos foram os maiores desafios que encontramos até agora. É um mercado complexo e pouco transparente. Ao mesmo tempo, porém, isso representa uma oportunidade imensa de fazer diferente”.

    “Foi justamente essa demanda que impulsionou o nosso crescimento. Identificamos uma grande dor de mercado e inovamos, criando cada vez mais relevância para o nosso negócio. Passamos a entregar, de forma inédita, dados verificados e liquidez para um setor tradicionalmente moroso e burocrático. A Loft investiu muito em talentos e em tecnologia, fazendo com que nossos clientes, hoje, encontrassem uma jornada muito mais simples e prazerosa”, afirma o fundador e co-CEO da companhia.

    Das onze startups unicórnios do Brasil, duas atuam no mercado imobiliário, Quinto Andar e Loft, sendo que ambas alcançaram a marca recentemente, em época de retomada. O setor, historicamente visto como conservador e fechado à inovação, é o segundo que mais gerou unicórnios no país, atrás apenas do mercado financeiro. Para Mate Pencz, o ramo imobiliário tem grandes oportunidades para crescimento, que poderiam ser ainda maiores caso os entraves burocráticos fossem reduzidos.

    “O mercado imobiliário residencial na América Latina é uma oportunidade de US$ 6 trilhões. Entretanto, a falta de transparência de dados e de mercado consolidado contribui para listagens de baixa qualidade e redundantes, preços inflados e demora para finalizar transações, criando uma experiência dolorosa para compradores, vendedores e corretores. Mesmo assim, os investidores estão acompanhando essa movimentação da economia e acreditando no potencial do setor”, conclui.

    Vale lembrar que o universo das startups não é somente um mar de rosas e algumas delas têm passado por dificuldades, mesmo com ideias inovadoras. Boa parte desses casos tem ocorrido com empresas que receberam aporte financeiro do fundo de investimento Softbank, como Oyo, WeWork, Rappi, Zume e Getaround. Os momentos difíceis vividos por tais companhias têm resultado, inclusive, em perda de mercado e demissão de funcionários. A situação fez com que o grupo investidor japonês apresentasse prejuízo de US$ 6,5 bilhões em novembro do ano passado.

    Leia também: Onda “cool” das startups é desserviço à inovação, opina especialista
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