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    Onda “cool” das startups é desserviço à inovação, opina especialista

    Fundador do Startup Europe Week, Igor Tasic chama atenção para o perigo de modismos no ambiente de negócios

    14/01/2020
    Por Henrique Cisman

    Histórias de sucesso como a de Mark Zuckerberg, criador do Facebook, são minoria no mundo do empreendedorismo. Apesar disso, histórias de fracasso não costumam ser contadas ao público, gerando uma bolha perigosa. A introdução acima resume o que motivou Igor Tasic, economista e mestre em empreendedorismo, a criar o Startup Europe Week, série de encontros regionais entre empreendedores, empresários, investidores e acadêmicos da Europa em mais de duzentas cidades.

    Nascido em São Paulo e residente em Cartagena, Espanha, Tasic alerta para o perigo da onda “cool” das startups. Um dos casos pontuais, segundo o especialista, é o recente fiasco da rede de coworkings WeWork: “É uma boa empresa, mas vale o que o [banco] Goldman Sachs gostaria que valesse? A Regus está nesse mercado há dezenas de anos e não vale isso. É bizarro!”, destaca Tasic em entrevista exclusiva para a Smartus.

    Mais do que mostrar as dificuldades que precisam ser vencidas no empreendedorismo, o objetivo de Tasic é incentivar inovações que surgem longe dos grandes centros – para onde estão voltados recursos e maior atenção dos mercados. “Há empreendedores mandando ver no interior do Ceará, dos quais você nunca ouviu falar porque na capa de todos os jornais, na capa de todas as revistas, estão os mesmos caras até hoje”.

    Ele ressalta duas características intrínsecas ao sucesso dos negócios, sejam eles de startups ou de qualquer outro tipo de empresa: solucionar problemas ou necessidades e entender as particularidades locais. Sobre essa última, Tasic explica: “Se você nasceu no interior da Amazônia, vai entender mais do interior da Amazônia do que alguém que nasceu em São Paulo. É uma questão de saber como aquilo funciona”.

    O especialista destaca a diferença entre solucionar problemas ou fazer porque é moda: “Eu acho que tem muito hype. Parece óbvio, mas inovação só existe se eu identifiquei uma necessidade. Não existe paixão, não existe “Do what I love”, existe um problema que eu, por n razões, consigo resolver. O problema é a coisa mais importante de um projeto, de uma inovação”.

    “O que eu vejo no mundo das corporações e, infelizmente, muito empreendedor fazendo, é desenvolver produto porque é ‘cool’. E eu questiono: Por que você está fazendo?”, continua Tasic. “Ok, vamos falar de inteligência artificial: é uma coisa importante e um conceito que vai ficar nos próximos 60 anos. Mas você está falando em IA por que não quer perder a onda ou por que realmente quer aumentar a produtividade em 30% e enxerga isso como um investimento de longo prazo?”

    De acordo com o empreendedor, poucas empresas estão levando essa questão realmente a sério: “Amazon, Google, Microsoft, IBM e alguns bancos”, elenca.

    Vantagens do setor imobiliário

    O especialista destaca vantagens inerentes ao setor imobiliário: é vertical, envolve muito dinheiro e, principalmente, atende a uma necessidade básica: moradia. “O mundo pode desmoronar, mas todo mundo precisa de médico, moradia e comida”. Outro ponto favorável é que, por estar ligado a diversas indústrias, o setor dispõe de uma série de ferramentas inovadoras, como blockchain e a própria inteligência artificial. 

    Ao contrário da percepção comum sobre o mercado imobiliário, Tasic vê o setor aberto à inovação: “O incorporador, e qualquer investidor, empreendedor, está interessado em uma coisa: dinheiro. Se você consegue provar que vai gerar dinheiro, se está alinhado com o business, não tem desculpa. O problema é querer entender a necessidade real”, pondera o especialista.

    “Tem empreendedor que não quer trabalhar com o ‘tiozão’ de cabelo grisalho porque ele não é ‘cool’. Há algum esforço para entender a necessidade desse cara?”, indaga.

    Ele comenta uma iniciativa do Instituto Espanhol do Cimento para melhoria do produto: “A ideia é colocar sensores dentro do concreto para medir a qualidade. Isso é tecnologia de ponta. Se o empreendedor só está querendo ser ‘cool’ e ter seguidores no Instagram, ele não vai ver essa oportunidade porque não quer tirar foto com tiozão e não quer mexer com concreto porque não é legal. Eu sou muito contra esse discurso porque ele presta um desserviço ao empreendedorismo e coloca os executivos seniores numa situação muito complicada”.

    Apesar das dificuldades para empreender em qualquer lugar do mundo, o Brasil é favorecido pelo seu ecossistema: “No final das contas, o ecossistema empreendedor consiste em haver investidores, empreendedores, mentores, acadêmicos, empresas, corporações. No fundo, o ecossistema – e eu nem gosto de usar esse termo – é business. O Brasil tem todos os elementos para ser um dos maiores ecossistemas empreendedores do mundo porque tem dinheiro, tem investidores e tem interessados”. 

    Igor Tasic vai palestrar no Smartus Proptech Summit 2020. Confira mais informações e participe!

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