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    Retomada da construção impulsiona recuperação de fornecedores

    Indústria do cimento volta a crescer após 4 anos de queda puxada para cima pela demanda imobiliária, que representa 90% do total

    25/11/19
    Por Henrique Cisman

    A retomada do mercado imobiliário tem gerado efeitos positivos para a economia do país. Um dos principais beneficiados por esse crescimento é a indústria cimenteira, que no acumulado de janeiro a outubro registrou aumento de 3,4% nas vendas, superando a projeção inicial do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC) para o ano de 2019, cujo avanço esperado era entre 3% e 3,3%.

    De acordo com o presidente da organização, Paulo Camillo Penna, o setor deve encerrar o ano com um crescimento de 3,5% em relação a 2018. O resultado vai interromper uma queda de quatro anos consecutivos que fizeram a indústria encolher 27% no volume de vendas, passando de 71,7 milhões de toneladas em 2014 para 52,7 milhões de toneladas no ano passado.

    Apesar da recuperação, Penna destaca que o desempenho ruim em 2018 – quando se esperava crescer 2%, mas houve recuo de 1% – gera um cenário artificial. “Talvez o número real dessas vendas esteja muito mais próximo de um crescimento de 2% do que o crescimento medido de 3,4% [de janeiro a outubro]”, avalia o presidente do SNIC. Ele ressalta que o avanço esperado já no ano passado foi frustrado primeiro pela greve dos caminhoneiros, quando houve perda de 900 mil toneladas em vendas, e depois pelo baixo ritmo de aceleração da economia de forma geral.

    Segundo Penna, enorme parte da contribuição desse crescimento em 2019 vem do setor imobiliário: “As atividades de edificação industrial, comercial e habitacional respondiam, em 2011, por 75% da nossa demanda. A infraestrutura correspondia a 23%, 24%. Hoje, a infraestrutura corresponde a menos de 10%, e as edificações que compreendem habitacional, comercial e industrial se projetam a quase 90% da nossa demanda”, informa. 

    Desse montante, 60% da demanda vêm do segmento residencial. “Basicamente, a infraestrutura no Brasil é um forte setor de investimentos públicos, e o governo perdeu a capacidade de investimento com a crise fiscal que foi instalada. O setor privado, principalmente em edificações de classe média e de alto padrão, está gerando uma demanda que impulsiona a recuperação do setor cimenteiro”, explica. 

    O presidente do SNIC projeta um período entre 7 e 8 anos para que o setor retorne aos patamares de venda de 2014, em um cenário de crescimento constante nos níveis atuais (em torno de 3% ao ano). Ele pontua que 45% da capacidade de produção da indústria cimenteira está ociosa atualmente, dado que, embora negativo, é também estimulante, se considerado o espaço para crescimento.

    “Nosso parque industrial é absolutamente atualizado e moderno. É considerado um dos parques industriais mais modernos do mundo”, afirma Penna. Hoje, 22 das 100 fábricas de cimento existentes no Brasil estão fechadas e há outras dezenas de fornos inativos. “Vemos que há uma reativação de fornos. O crescimento, perto de uma perda de 27%, é um sinal importante, mas muito longe de chegarmos próximos ao desempenho minimamente razoável para quem tem 45% de capacidade ociosa”.

    Outros fornecedores também comemoram a retomada da construção civil. A Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) projeta um crescimento de 1,5% em 2019, após avançar 1% no ano passado. “Com base no acumulado até outubro, temos indicações de que essa meta provavelmente será atingida ou mesmo superada”, afirma o presidente da associação, Rodrigo Navarro.

    A Associação Nacional dos Fabricantes de Revestimentos Cerâmicos (Anfacer) espera encerrar o ano com crescimento de 3,5%, embora o desempenho tenha ficado abaixo do projetado para 2019, inicialmente de 5%. Sobre a retomada do mercado imobiliário, a associação afirma que “ainda não há influência no setor, pois o revestimento cerâmico é um material de acabamento usado na fase final da obra”. Os reflexos são esperados já para o ano que vem.

    Situação semelhante ocorre com a indústria de tintas. De acordo com o presidente-executivo da Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas (Abrafati), Antonio Carlos de Oliveira, a projeção de crescimento em 2019 está entre 1% e 1,5% – era de 3,5% no início do ano. “A redução está alinhada à reversão das expectativas de crescimento do país que existiam no final de 2018 e início de 2019”.

    Oliveira pontua que as vendas no varejo (que representam ⅔ do total no segmento imobiliário) foram afetadas pela queda na confiança do consumidor em decorrência do alto nível de desemprego e da baixa atividade econômica, além de indefinições no programa Minha Casa, Minha Vida e avanços tímidos em concessões de infraestrutura. Este foi o 6º ano consecutivo de “resultados fracos” no setor: de 2014 a 2016 em queda e de 2017 a 2019 em crescimento baixo, afirma Oliveira.

    Ele destaca que o crescimento do setor imobiliário está restrito a poucas regiões, como São Paulo, e que os efeitos desse crescimento só são sentidos de 18 a 24 meses depois pelo setor de tintas, pois a pintura é a última etapa na construção, ou seja, os resultados devem melhorar a partir do final de 2020 e em 2021.

    Projeções para o ano que vem

    A Abrafati projeta evolução nas vendas em ritmo igual ou pouco superior ao do PIB em 2020, algo entre 2% e 2,5%, embora ainda deva ser um ano marcado por instabilidades e um certo grau de imprevisibilidade, afirma Oliveira. “É um desempenho melhor que o de 2019, mas a sua concretização dependerá da situação política e econômica do país. Só quando ela está mais estável, as famílias executam projetos de reforma e repintura de seus imóveis”.

    O presidente da Abramat, Rodrigo Navarro, diz que espera um crescimento gradual e sustentável em 2020. “Com condições macroeconômicas favoráveis, a continuidade do aquecimento do varejo, a consolidação do mercado imobiliário e o início da retomada de obras de infraestrutura (incluindo obras paradas), a demanda de materiais de construção deve crescer, assim como o setor de construção civil, fundamental para a geração de empregos e atração de investimentos ao país”.

    A Anfacer projeta aumento de 4% nas vendas de revestimentos cerâmicos, apostando na recuperação do PIB para um crescimento de 2,2% em 2020. “Também se espera a continuidade da melhora do mercado imobiliário e os efeitos das medidas econômicas que estão em curso no Brasil”, informa a assessoria de imprensa da organização.

    De acordo com o presidente do SNIC, Paulo Camillo Penna, a projeção atual para as vendas de cimento em 2020 é avançar 4,2% em relação a 2019. Ele avalia que é preciso ampliar a demanda por imóveis para outras regiões além de Sudeste e Centro-Oeste e que a queda nos estoques se apresenta como o principal indutor deste avanço, além dos juros mais baixos para o crédito imobiliário e a possibilidade de indexação dos empréstimos ao IPCA.

    Penna também destaca o otimismo com as reformas colocadas em curso, como as da Previdência, tributária e administrativa, e exalta o potencial de crescimento no mercado brasileiro: “O Brasil é um país com cerca de 7,9 milhões de déficit em unidades habitacionais, ou seja, há um espaço brutal para crescer”.

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