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    Em apenas 34 dias, Imob cai 54%. Existe perspectiva de melhora?

    Percentualmente, cotas de Helbor, Gafisa e Even sofreram as maiores desvalorizações

    13/04/2020
    Por Daniel Caravetti

    Pouco mais de um mês foi o período necessário para o Ibovespa – o mais importante indicador da Bolsa – registrar uma queda de 45% devido à crise causada pela disseminação do novo coronavírus. No mesmo espaço de tempo, entre 19 de fevereiro e 23 de março, o Imob (Índice Imobiliário) apresentou baixa acima do Ibovespa, de 54%.

    Vale lembrar que o Imob avalia o desempenho médio das cotações dos ativos de maior representatividade dos setores da atividade imobiliária: Aliansce Sonae, BR Malls, BR Properties, Cyrela, Direcional, Even, Eztec, Gafisa, Helbor, Iguatemi, JHSF, Log, MRV, Multiplan, Tecnisa, Tenda e Trisul. Para Thales Baldinotti, sócio da Conexão BR Investimentos, escritório credenciado à XP, a diferença na queda dos dois índices se deve à segmentação.

    “O Ibovespa é o principal indicador de desempenho das ações negociadas na B3 e reúne as empresas mais importantes de diferentes setores do mercado de capitais brasileiro. Grande parte delas apresentou quedas relevantes, porém, uma minoria se comportou com maior resiliência, com destaque para empresas ligadas à supermercados, farmácias, telecomunicações e elétricas. Estas sofrem menos com a crise atual, ou até se beneficiam”, afirma, em entrevista à Smartus.

    “Quando nos referimos especificamente ao IMOB, estamos acompanhando a variação de uma carteira de empresas atrelada ao segmento imobiliário, refletindo em tempo real qual é o comportamento médio dos investidores para aquele setor específico. Acompanhamos durante todo o mês de março o efeito sell-off, onde a força vendedora é bem maior que a compradora, resultando na queda dos preços dos ativos. Acontece que parte dos investidores opta por investimentos mais seguros nesse momento”, completa.

    O especialista em investimentos ainda exemplificou a falta de sincronia dos dois índices através do crescimento no ano passado, quando o Ibovespa valorizou em 31,58%, enquanto o Imob subiu 70,60%, mais que o dobro.

    Desempenho individual

    Uma pesquisa realizada pela Smartus analisou separadamente o desempenho de cada corporação que compõe o Imob durante o mesmo período, que teve duração de 32 dias. Todas elas apresentaram mais de 45% de queda. Confira os valores. 

    Percentualmente, as maiores quedas foram de Helbor, Gafisa e Even, que atuam nos segmentos de médio e alto padrão, responsáveis pela recente retomada do mercado imobiliário. Em compensação, construtoras do segmento econômico, como Direcional, MRV e Tenda, que não obtiveram grandes crescimentos em 2019, apresentaram quedas abaixo da média indicada pelo Imob.

    A possibilidade do segmento econômico apresentar uma recuperação mais rápida após a crise, inclusive, foi tema comentado por Guilherme Werner, sócio da Brain Inteligência Estratégica. 

    Já em valores absolutos, as três cotas que perderam mais valor foram de Aliansce Sonae, Iguatemi e EzTec. As duas primeiras atuam no segmento comercial, reforçando que o ramo é um dos mais atingidos pela crise, como explica Baldinotti.

    “No curto prazo, o segmento de shoppings é um dos mais afetados, uma vez que está diretamente relacionado ao consumo, imediatamente abalado com os efeitos da quarentena nos principais centros econômicos do país. O fato de não termos uma previsibilidade real do retorno das atividades, atrelado a uma expectativa de desemprego, ainda poderá estender a crise no ramo comercial”, afirma.

    Vale lembrar que Mitre e Moura Dubeux, construtoras que abriram capital na bolsa no início deste ano, após 11 anos sem um IPO do setor, também registraram quedas no valor das cotas devido à crise. No mesmo período, entre 19 de fevereiro e 23 de março, a cota da Mitre desvalorizou R$ 9,42, o que significou 49,66%, e da Moura Dubeux desvalorizou R$ 14,19, queda de 76,70%, maior que de todas as empresas presentes no Imob.

    Existe perspectiva?

    De acordo com Baldinotti, mesmo que o mercado de capitais trabalhe para prever algumas tendências, não há como antecipar o impacto de crises dessa magnitude, que acabou por interromper a retomada que o mercado imobiliário vinha apresentando anteriormente.

    “Antes dessa crise inesperada, havia um cenário totalmente favorável para este mercado, que é cíclico e apresentou um dos melhores desempenhos da bolsa em 2019. O resultado se deve à melhora substancial dos indicadores macroeconômicos, que são a base do setor, taxa básica de juros em seu menor patamar histórico, créditos acessíveis e retomada dos empregos e confiança do setor”, garante. 

    “Estávamos claramente em uma tendência de alta, que teve início em 2016. As estruturas começaram a se estabilizar e a demanda por novos projetos apontava para uma melhora. Isso era apenas o início de um cenário de recuperação”, completa.

    Em um panorama de incerteza, o especialista volta ressaltar a importância da preservação de empregos. Ele ainda valoriza a força do setor imobiliário para superar a crise em questão. 

    “Sem saber – principalmente – o impacto que haverá no desemprego, estamos em um cenário de falta de previsibilidade. Inclusive, existe um movimento espontâneo liderado por alguns empresários, com destaque para a Luiza Trajano, do Magazine Luiza, pedindo às empresas que não demitam funcionários. A preservação do emprego tem que ser levada a sério para que tenhamos uma retomada mais rápida do quadro atual” diz.

    “O setor imobiliário é resiliente, com empresas que sobreviveram a várias crises e que, acredito, sairão desta também. Será um aprendizado e as tornará ainda mais fortes. O mercado deve aproveitar os juros baixos e se fortalecer ainda mais, focando principalmente em tecnologia, para que estejam ainda mais prontos na gestão digital”, conclui Baldinotti.

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    Foto: Blominvest Bank

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