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    Notícias

    Especialista aponta perspectivas de cada segmento imobiliário

    Aumento nos preços dos insumos é o maior receio em todo o setor

    Daniel Caravetti

    20/10/2020

    No último relatório Panorama Econômico Mundial, o FMI (Fundo Monetário Internacional) melhorou a projeção do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil em 2020. A queda, calculada em 9,1% no mês de junho, vem sendo revista e atingiu 5,8% em outubro. Por sua vez, o Boletim Focus divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira (19) já prevê baixa de 5%.

    Nesta recuperação, o mercado imobiliário tem exercido papel fundamental, contribuindo, por exemplo, com a criação de 17 mil empregos formais em agosto, 33,7% do total gerado na construção civil. Os dados são do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério da Economia.

    Contudo, é importante lembrar que o mercado imobiliário é composto por diversos segmentos, os quais foram atingidos pela crise de diferentes maneiras. O especialista Fábio Tadeu Araújo, sócio-diretor da Brain Inteligência Estratégica, comenta as perspectivas de cada um deles com base em uma pesquisa realizada pela empresa.

    Imóveis residenciais (verticais e horizontais)

    Um dos segmentos em que as projeções têm melhorado é o residencial. Isso porque, de acordo com o estudo, em agosto, a intenção de compra de imóvel chegou a 40%, voltando aos patamares pré-crise. A motivação é maior entre pessoas com renda mensal de R$ 7.875,01 a R$ 13.492,00.

    Mesmo assim, o especialista garante que a demanda de baixa renda deve seguir liderando a retomada do mercado residencial, por conta da desigual distribuição de renda e do elevado déficit habitacional do país.

    “Mesmo que a alta renda tenha maior intenção de compra, em termos absolutos ela ainda é menos importante que a baixa renda. A verdade é que há poucas pessoas com essa quantia de dinheiro, porém com maior vontade de adquirir um imóvel”, afirma Araújo, em entrevista à Smartus.

    Sobre a intenção de compra, vale lembrar que a alta renda também apresentou a maior mudança em relação ao tipo de imóvel desejado: “A demanda tem sido maior por apartamentos grandes, gardens, coberturas, e claro, casas”, diz o especialista.

    Com base nisso, o sócio-diretor da Brain entende que a incorporação vertical, assim como os loteamentos, devem ganham força neste final de ano, com a retomada de lançamentos. Em agosto, por exemplo, já houve alta de 107% nos lançamentos de unidades residenciais verticais, segundo a pesquisa com dados da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção).

    Lajes corporativas

    Em relação ao aumento na procura por imóveis maiores, insere-se a busca por um espaço exclusivo para o trabalho, em virtude do home office. Sobre isso, a pesquisa indica que 71% dos interessados em imóveis já classificam o escritório como elemento importante na compra de uma casa.

    Inevitavelmente, a situação preocupa o segmento de lajes corporativas, ameaçado pela crescente do teletrabalho. Até o momento, o executivo garante que o aumento da vacância foi mais significativo nos escritórios de nível médio do que nos de alto padrão.

    “Nas lajes corporativas de linha A, foram feitas muitas negociações para abaixar os preços, mas não houve tanto aumento na vacância. Neste caso, o impacto no curto prazo tem sido maior nos preços do que na demanda efetiva”, afirma Araújo, que se mostra otimista quanto ao futuro do segmento.

    “Embora esteja havendo uma consolidação do home office, os escritórios devem passar a ter menos pessoas por m2, com maior distanciamento entre elas. Ou seja, existe um vetor que empurra a demanda para baixo e outro para cima. Por isso, creio que, entre oito a dez meses, a demanda volte ao normal”, aponta.

    Hotéis

    Já quanto à hotelaria, o sócio-diretor da Brain entende que as perspectivas de retomada são mais incertas, principalmente por conta do turismo de negócios: “Deve ser afetado permanentemente porque as empresas estão vendo que as viagens a negócio tendem a gerar muito custo e agregar pouco valor”.

    Em contrapartida, Araújo acredita que o turismo de lazer deve apresentar uma melhora à medida em que a renda e a pandemia forem se normalizando. Neste caso, o problema para os hóteis pode ser a concorrência dos imóveis de temporada.

    Shoppings

    Outra perspectiva preocupante é em relação aos imóveis de varejo. O especialista cita que o segmento já “vinha em um processo de mudança, com a alta do e-commerce, e pode ser o mais afetado pela pandemia”. O estudo da Brain com dados da E-commerce Brasil revela um crescimento de 23% no comércio eletrônico em agosto deste ano, no comparativo com fevereiro.

    Curiosamente, neste mesmo período, o maior aumento no e-commerce aconteceu na categoria “Casa e Móveis”, de 63%. Os dados mostram que o isolamento social e a maior permanência das pessoas dentro de casa originaram um movimento de alta na decoração e reforma de imóveis.

    Galpões logísticos

    Se os imóveis de varejo estão sendo ameaçados pelo crescimento do e-commerce, os galpões logísticos têm sido beneficiados. Por isso, é o segmento do mercado imobiliário que mais se destaca na pandemia e tem sido a preferência dos gestores de fundos de investimentos imobiliários (FIIs)

    Alta no preço de insumos: problema para todos os segmentos

    O especialista da Brain lembra que todos os segmentos do mercado imobiliário têm se preocupado com a alta no preço do insumos para a construção civil. Isso porque a situação pode atrapalhar o desenvolvimento de novos projetos e as obras em andamento.

    “Atualmente, sem dúvida este é o maior receio do mercado imobiliário. Muitas contratações de empreendimentos estão sendo feitas hoje, mas ainda não existe clareza de como estarão os preços durante a construção”, conclui.

    Foto: leungchopan/Envato

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