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    Novo corte da Selic vai reduzir juros do financiamento imobiliário?

    Taxa básica de juros atingiu 4,25%, mas ciclo de cortes deve ser interrompido pelo Banco Central

    14/02/2020
    Por Daniel Caravetti

    Em reunião que baixou novamente a Selic, agora para 4,25% ao ano (a.a.), o Comitê de Política Monetária (Copom) indicou que o ciclo de cortes deve ser interrompido a partir de agora, segundo ata divulgada na terça-feira (11). O Banco Central (BC) entende que é necessário observar a reação da economia nacional após uma série de ajustes consecutivos, até porque indicadores têm apontado para diferentes lados.

    “Considerando os efeitos defasados do ciclo de afrouxamento iniciado em julho de 2019, o comitê vê como adequada a interrupção do processo de flexibilização monetária. O Comitê enfatiza que seus próximos passos continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação, com peso crescente para o ano-calendário de 2021”, diz o comunicado do órgão.

    Em relação à recuperação econômica, a ata diz que os “dados divulgados até agora indicam a continuidade do processo de recuperação gradual da economia brasileira”. Porém, também ressalta que há uma contrariedade entre evolução do mercado de trabalho e o crescimento da produção de bens e serviços no país: “Enquanto o mercado de trabalho segue em recuperação gradual, os dados recentes de produção industrial e os indicadores preliminares de investimento tiveram desempenho abaixo do esperado”.

    O Copom ainda cita o surto de coronavírus como outro motivo para interromper os cortes na taxa Selic, uma vez que a sua intensificação pode levar a economia mundial à uma desaceleração, impactando, por exemplo, preços de commodities e ativos financeiros, como as ações.

    Para o economista Felipe Prince, estabilizar o valor da taxa Selic é uma decisão assertiva. Em entrevista à Smartus, um dos argumentos utilizados foi sobre o indicador EMBI+ (Índice de Títulos da Dívida de Mercados Emergentes), do banco estadunidense JP Morgan, que é baseado nos bônus (títulos de dívida) emitidos pelos países emergentes e referência na definição do risco-país. O índice é amparado nos títulos norte-americanos, os de menor risco do mundo.

    “Nesse indicador, o Brasil soma atualmente pouco mais de 200 pontos, o que significa que pelo risco que o Brasil apresenta, o governo deve estabelecer a Selic em torno de 2% maior do que a taxa básica de juros dos Estados Unidos (Fed), que hoje está na faixa de 2% ao ano. Desse modo, manter o valor em 4,25% expressa bastante o grau de risco do país, sendo que novos cortes tendem a gerar uma fuga de capital externo”, diz.

    “Isso porque grande parte do investimento estrangeiro que chega ao Brasil vem em busca de remuneração financeira através da diferença da nossa taxa de juros em relação à norte-americana. Então, acredito que estamos realmente em uma taxa limite, equilibrados e capazes de atrair capital estrangeiro. Para incentivar a economia nacional daqui em diante, não adianta baixar mais a Selic, mas reduzir burocracias na microeconomia”, complementa Prince.

    Taxa Selic a 4,25% afeta o crédito imobiliário?

    Questionado sobre a possibilidade de novas quedas nas taxas de juros dos financiamentos imobiliários após este último corte na Selic, o especialista entende que isso não deve acontecer no curto prazo e cita novamente a burocracia como um dos impeditivos: “Os cortes na Selic levaram à queda de muito créditos, entre eles o habitacional. Entretanto, existem outros pontos que precisam ser melhorados para que essa queda da taxa básica de juros atinja mais o consumidor final”. 

    Prince revela o teor de uma conversa que teve recentemente com um incorporador: “Atualmente, existem muitos custos envolvidos com a burocracia na compra e venda de um imóvel – como o registro de cartório – que acabam encarecendo o financiamento imobiliário. Inclusive, já estamos vendo empresas se movimentando para digitalizar os processos, a fim de reduzir esses problemas. Esse é um dos motivos que dificultam novas quedas nos juros do crédito imobiliário no curto prazo”, completa.

    O economista ainda aponta outros dois pontos problemáticos: “O Brasil tem uma alta concentração bancária e cinco bancos dominam praticamente 80% do mercado de crédito, no geral. Isso faz com que o spread (diferença entre a taxa Selic e a taxa que chega ao consumidor) seja afetado, uma vez que o ambiente apresenta baixa concorrência. Mesmo com elevação no índice de confiança, também temos um cenário de risco para os financiadores, afinal, mais de 60 milhões de brasileiros estão com nome no Serasa, com contas em atraso”.

    Descrente em uma nova queda nas taxas dos juros imobiliários no curso prazo, o economista enxerga perspectivas diferentes para o longo prazo: “No caso da concentração bancária, novas empresas estão entrando no mercado de crédito, as chamadas fintechs. Em 2019, 13 delas foram autorizadas pelo Banco Central, e neste ano, a expectativa é para autorização de mais 40. Hoje, a maioria delas está voltada para créditos de curto prazo, de capital de giro, e não de longo prazo, como o imobiliário. Mas são espaços importantes para que novas companhias aumentem a concorrência no mercado de crédito”. 

    “Já a questão da burocracia, é um ponto alvo deste Governo, que vem realizando reformas em diversos aspectos visando o crescimento econômico. Inclusive, dois dos três focos do Plano Mais Brasil interessam ao mercado imobiliário: desburocratizar e digitalizar”, enfatiza Prince.

    Embora haja espaço para os juros do crédito imobiliário caírem novamente, é essencial que outras questões sejam resolvidas. Por ora, a Selic não deve conseguir interferir neste sentido.

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    Foto: Raphael Ribeiro/ BCB

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