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    Notícias

    Aumento no custo da construção deve afetar preço de imóveis na planta

    Insumos do setor apresentam alta acumulada superior a 13% neste ano

    Daniel Caravetti

    05/11/2020

    O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-M), medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), registrou alta de 1,69% em outubro, percentual superior ao apurado no mês anterior, quando houve aumento de 1,15%. Com este resultado, o índice acumula elevação de 6,34% no ano e aponta para um aumento no preço de imóveis na planta.

    Elaboração: IBRE/FGV

    Se o custo da construção tem crescido, o principal motivo é o aumento no preço dos insumos. Segundo a FGV, a taxa do índice relativo a Materiais e Equipamentos acumula alta anual de 13,46%. Enquanto isso, o índice referente a Serviços cresceu 2,54% e o referente à Mão de Obra, 2,24%. 

    Em entrevista à Smartus, a economista Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) da FGV, comenta a significativa variação nos preços dos suprimentos em 2020.

    “Acho que existe uma conjunção de fatores para essa elevação efetiva. Primeiramente, tem a questão de custos, visto que as indústrias se desorganizaram, fecharam fábricas e unidades produtivas, e não se recupera a produção tão rapidamente como a venda. A retomada da produção industrial, vista em outros estudos, tem se dado em um ritmo diferente em relação ao varejo”, diz.

    “Também existe a necessidade de recuperação de margem, e é difícil afirmar se está havendo má-fé dos fornecedores diante do bom momento do setor imobiliário. De qualquer maneira, não há dúvida que é uma questão preocupante. O preço dos insumos já registra alta anual de dois dígitos”, completa Castelo.

    Aumento no preço de imóveis na planta

    A especialista da FGV ainda fala sobre uma consequência imediata do aumento no preço dos suprimentos: “Isso pressiona quem já comprou uma unidade na planta, pois até haver o repasse do financiamento o valor do imóvel é reajustado pelo índice de custos setorial”, explica.

    Ela lembra que a situação também pesa no orçamento das construtoras, seja nos projetos em obras ou naqueles que ainda estão em fase de planejamento. Isso porque, embora as construtoras planejem obras em grandes ciclos, os aumentos pontuais afetam os preços dos lançamentos.

    Crescimento da economia

    Mesmo com a iminente elevação no preço das unidades residenciais, os empresários seguem otimistas quanto ao futuro do segmento. Neste contexto, um estudo realizado pela Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) revela que, atualmente, 97% deles mostram intenção de realizar lançamentos, 92% pretendem comprar terrenos e 87% acreditam em aumento no volume de vendas nos próximos 12 meses.

    Para solidificar o bom momento, a economista da FGV lembra que o mercado imobiliário também depende do desempenho de outros setores: “A sustentação do crescimento econômico do país é um desafio tão grande quanto o aumento no preço dos insumos. Este avanço precisa ocorrer no mercado de trabalho e na renda”, indica. 

    “Se isso não acontecer, fica difícil imaginar que este movimento de retomada do setor imobiliário possa se manter. Devemos buscar um crescimento sustentável”, conclui a economista da FGV.

    Foto: DragonImages/Envato

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