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    Notícias

    Vacância segue alta, mas retorno aos escritórios ganha força

    Antes elogiado, modelo 100% remoto começa a preocupar empresas

    Daniel Caravetti

    04/12/2020

    Em virtude da longa duração da pandemia de Covid-19 e do cenário de isolamento social, as lajes corporativas seguem apresentando aumento nas taxas de vacâncias. Ao mesmo tempo, contudo, algumas empresas começam a repensar o trabalho remoto como modelo definitivo, o que pode ser uma boa notícia para o segmento.

    De acordo com levantamentos da SiiLA Brasil relativos ao 3º trimestre deste ano, nas principais regiões corporativas de São Paulo, a taxa de vacância subiu três pontos percentuais em relação ao trimestre anterior, alcançando 18,3%. O movimento está relacionado a devoluções e entregas de novos empreendimentos, que elevaram em 77.985 m² a área comercial disponível. 

    Neste montante, é importante ressaltar a entrega do Safra Frei Caneca, na região da Paulista; do Birmann 32, localizado na Faria Lima – com o Facebook entre os inquilinos; e do Centenário, que fica na Berrini e foi alugado integralmente pela WeWork (parte do prédio foi alugado pela fintech Creditas junto à WeWork).  

    Em meio a este panorama, a absorção líquida – saldo da diferença entre áreas locadas e áreas devolvidas – na capital paulista foi negativa em 30.171 m².  Para Giancarlo Nicastro, CEO da SiiLA Brasil, “os números negativos de novas locações já eram esperados em decorrência da transformação que o mercado de escritórios e todos os outros setores da economia passaram durante a pandemia”.

    Contudo, o especialista entende que o atual momento também se configura como uma grande oportunidade para encontrar espaços antes muito disputados: “Até pouco tempo, era impossível conseguir 15 mil m² em empreendimentos como o CENU (Centro Empresarial Nações Unidas). Isso pode atrair inquilinos que vislumbram oportunidades”.

    Trabalho remoto passa a ser questionado

    Tais oportunidades podem ser observadas por empresas que, após quase nove meses do início da pandemia e da difusão do trabalho remoto integral, passaram a observar prejuízos neste modelo. Assim, voltaram a enxergar a necessidade da jornada presencial, mesmo que inserida em um modelo híbrido. 

    De acordo com reportagem do Valor Econômico, algumas empresas que já caminham neste sentido são Votorantim, Unipar, Mercer, Evoltz, Randon, Copersucar e Químico Amaro. No ramo imobiliário, vale destacar as incorporadoras MRV e Tecnisa, cujo presidente Joseph Nigri entende que as pessoas estão esgotadas de trabalhar em casa.

    Durante o Smartus Summit Modelos Disruptivos 2020, Tiago Alves, CEO da Regus & Spaces Brasil, compartilhou uma pesquisa feita com cerca de 16 mil colaboradores sobre os problemas do trabalho remoto para os funcionários, os quais têm levado ao esgotamento citado por Nigri.

    Segundo o estudo, aproximadamente 50% das pessoas alegam ter problemas quanto a estrutura, segurança de dados, foco e falta de interação. Além disso, 60% relatam sofrer problemas de conectividade e 33%, solidão. Segundo Alves, foi julgada como positiva apenas a questão da mobilidade, pois ao deixarem de se deslocar para o trabalho, as pessoas ganham tempo. 

    O especialista ressalta também que, além de preservar a saúde mental e garantir o foco e a produtividade dos funcionários, o retorno aos escritórios pode ser essencial para preservar a cultura das empresas e minimizar futuros riscos judiciais.

    “Muitas companhias têm sentido que estão perdendo a sua cultura, pois falta interação social. Os funcionários têm perdido o sentimento de pertencimento e, por isso, podem ir para o mercado em busca de outras oportunidades. As startups que trabalham 100% em home office, por exemplo, sempre sofreram com o problema de rotação de funcionários”, diz.

    “O Brasil é um país extremamente legislado no quesito trabalhista e as empresas ainda não tomaram ciência de que toda a estrutura de trabalho na casa do funcionário tem que ser bancada por ela, incluindo o controle de jornada. Essas pessoas que estão trabalhando muito mais em casa, por exemplo, são um risco. Ainda tem a questão da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados). Nada disso tem sido respeitado nessa pandemia”, completa Alves.

    Pensando nisso, o CEO da Regus & Spaces Brasil entende que o futuro do trabalho flexível é o modelo híbrido: “As pessoas precisam ir ao escritório para que convivam com a cultura da empresa e para que sejam mantidos regras e procedimentos. Ao mesmo tempo, podem ter a liberdade para usufruir de um modelo flexível, seja em casa ou em um coworking”.

    Na mesma linha, o presidente da Tecnisa, Joseph Nigri, garantiu ao Valor Econômico que a empresa pretende manter um dia de home office na semana em 2021. Após muitos considerarem que o trabalho remoto poderia se tornar um modelo definitivo, este passo atrás que vem sendo dado por muitas empresas pode significar a retomada dos segmento de lajes corporativas.

    Início de recuperação?

    A retomada já pode ser verificada em municípios como Campinas e Curitiba. De acordo com dados da SiiLA Brasil, na cidade paulista a taxa de vacância das lajes corporativas caiu de 18,4% para 16,8%, do 2o para o 3o trimestre deste ano, que teve absorção líquida de 6.410 m².

    O grande responsável pelo resultado foi o Agibank, que alugou os 4.516 m² do empreendimento corporativo E1 Viracopos, desocupado desde o 1º trimestre.

     Enquanto isso, a absorção líquida em Curitiba foi de 1.998 m² e a taxa de vacância alcançou 20,5% no 3T20. Para os últimos três meses do ano, há previsão de entrega de quatro torres em um mesmo complexo, que serão ocupadas pela Polícia Federal, totalizando 11.988 m².

    É importante lembrar, entretanto, que as outras cidades monitoradas pela SiiLA Brasil – Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Porto Alegre – apresentaram um maior número de saídas do que de entradas no 3º trimestre, assim como ocorreu em São Paulo.

    Foto: liufuyu/Envato

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