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Construção offsite melhora produtividade no setor
Nos próximos 5 anos, avanço deve ser maior do que o obtido em duas décadas
Henrique Cisman
07/10/2020
Estudos mostram que nos últimos 20 anos a produtividade da construção avançou, em média, 1% ao ano no mundo, percentual baixo se comparado ao crescimento produtivo de outras indústrias, principalmente a automobilística.
Neste contexto, o Brasil é um dos países cuja produtividade da construção puxa a média global do setor para baixo, segundo Ramon Pollnow, gerente de Engenharia de Processos da Tecverde. “Houve bastante evolução em obras com alta concentração de demanda e padronização, ainda que predomine a transformação em campo. Mesmo esse movimento, porém, não conseguiu gerar a alavanca que o setor precisa para avançar”, comenta o especialista.
Por que a produtividade da construção não acompanha a de outros setores?
Segundo Pollnow, existem dinâmicas que se enraizaram na indústria da construção ao longo do tempo e que agora, durante a pandemia, tornaram-se ainda mais impactantes para o setor. Além disso, trata-se de um ramo da economia com características extremamente específicas.
“Em relação a outros sistemas industriais de produção, a construção traz alguns desafios e peculiaridades, como o caráter nômade, a transformação realizada quase em sua totalidade no canteiro de obra, muitas variáveis incontroláveis, como o clima, o baixo índice de repetição ou padronização dos projetos e o aspecto temporário e fragmentado dos empreendimentos”, enumera Pollnow.
Neste sentido, uma grande aliada tem sido a filosofia lean, difundida mundo afora a partir da década de 1980 com resultados comprovados em indústrias de diversos segmentos. “Houve um marco para a construção civil que foi a publicação de um estudo do professor Lauri Koskela, em 1992, sobre uma nova filosofia de sistema de produção para o setor”, lembra o especialista.
“A partir daí, cunhou-se o termo lean construction, ou construção enxuta, que trabalha justamente na adaptação dos pontos levantados anteriormente – as peculiaridades da indústria da construção – para minimizar os impactos na produtividade”, completa.
É exatamente neste ponto que ocorre o cruzamento entre a filosofia lean e a construção offsite, levando para o ambiente de fábrica boa parte do trabalho realizado em canteiro: “Basicamente, o que acontece é uma espécie de decomposição da edificação em uma série de sistemas, subsistemas e componentes que são todos industrializados e depois montados no canteiro de obras”, explica o gerente de Engenharia de Processos da Tecverde.
Assim, alguns dos princípios básicos da filosofia lean são potencializados na construção offsite, tais como: eliminação de atividades que não agregam valor, como transporte; redução da variabilidade, ao levar a maior parte da produção para um ambiente controlado e que não é afetado pelo clima; redução dos tempos de ciclo e do trabalho em progresso, inerente aos sistemas industrializados a seco que dispensam tempo de cura na estrutura; e a simplificação de partes e passos pela utilização de elementos modulares que trabalham com repetição.
Na prática, quais são os resultados?
De acordo com o especialista, assim como existem vários métodos de construção in loco, também há diferentes níveis de industrialização. De modo geral, entretanto, o que há de comum na comparação dos sistemas é redução do uso de mão de obra, principalmente a desqualificada, maior aplicação de tecnologia e menos transformação em campo, com quase tudo feito na fábrica.
“Em que pese a variabilidade, apenas para indicar o nível de resultado, a Tecverde consegue montar uma casa de 45 m² em pouco mais de uma hora e um prédio de quatro pavimentos com 16 unidades em seis dias. Quando digo montar, é entregar a estrutura estanque com telhado e esquadrias, pronta para a fase de acabamentos, utilizando apenas cinco operários”, afirma Pollnow.
Considerando o avanço já observado no setor, o especialista acredita que a construção deve evoluir nos próximos 5 anos o mesmo que cresceu nas últimas duas décadas em termos de produtividade. “Vejo grande potencial para se formar um tripé entre filosofia lean, estratégias de industrialização e tecnologias 4.0 para uma base de salto de performance”, encerra.
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