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    Home office não diminui demanda por escritórios e coworkings

    Segundo executivos ouvidos pela Smartus, modelo tradicional tem suas vantagens e continuará existindo com maior flexibilidade

    19/05/2020
    Por Henrique Cisman

    A realidade imposta pelo novo coronavírus é de pessoas trabalhando em casa – para aquelas que podem fazê-lo, é claro. Após dois meses de quarentena, especula-se que o home office seja o novo normal para empresas de diferentes ramos e portes. Será, portanto, o início do fim das lajes corporativas? 

    Para executivos ouvidos pela Smartus, não é bem assim. De agora em diante, o home office ganha espaço como mais um componente dentre um mix de opções no mercado corporativo, o que inclui ainda as unidades de coworking. Porém, a importância do escritório tradicional segue inalterada, apesar de haver maior flexibilização das jornadas de trabalho daqui para a frente.

    “É muito cedo para dizer o que vai acontecer, mas já havia home office antes, isto já era praticado por algumas empresas. Futuramente, com certeza o home office será uma parte do mix aplicado em termos de trabalho em maior ou menor intensidade, dependendo da atividade e cultura da empresa. Haverá pessoas no escritório e outras em casa”, afirma o diretor de locações da CBRE, Felipe Giuliano.

    Ele acredita que o retorno aos escritórios tradicionais ocorrerá em fases: em um primeiro momento, de apenas parte do efetivo, alternando com demais colaboradores ora no escritório, ora em casa (home office); até que haja uma vacina, a segunda fase consiste em redesenhar os espaços, respeitando maiores distâncias entre as pessoas conforme recomendações de autoridades de saúde.  

    Na terceira e última fase, depois que houver uma vacina para a covid-19, a tendência é a volta ao escritório, o que não extingue a flexibilidade de trabalho proporcionada pelo home office. “A questão do home office está funcionando de forma emergencial, mas qualquer análise agora é muito prematura. A produtividade pode ou não melhorar, uma vez que há distrações que não existem no escritório, fora a interação com os colegas e a absorção da cultura da empresa”, destaca o especialista.

    Fundador e CEO da startup Yuca, Rafael Steinbruch acrescenta que as maiores dores no modelo home office têm relação com a infraestrutura para o trabalho. Administradora de imóveis para coliving, a Yuca instalou repetidores nas unidades a fim de melhorar o alcance da internet e agora vai implementar um novo sistema de scanner espacial baseado em IoT para nivelar o sinal em todos os ambientes.

    A startup oferece ainda outras possibilidades para os inquilinos, como aluguel de cadeira ergométrica e adaptação das áreas comuns para um modelo próximo do que são os coworkings: “Se a necessidade de moradia mudar, vamos repensar para entregar uma solução mais confortável que atenda as necessidades dos nossos clientes”, ressalta o executivo.

    Futuro dos escritórios tradicionais

    Para o diretor de locações da CBRE, Felipe Giuliano, o mercado de lajes corporativas está longe de ser prejudicado pela pandemia, principalmente no longo prazo, mas mesmo agora: “As empresas podem pensar em home office no momento, mas aquelas que tomarem uma decisão precipitada em meio à crise podem depois ter que alugar o espaço de novo”, destaca.

    Outro ponto que joga a favor dos prédios corporativos é a necessidade de reduzir a densidade nos escritórios, isto é, colocar menos pessoas para ocupar uma quantidade maior de espaços. “Empresas que planejaram mudanças antes da pandemia vão rever o número de pessoas por andar porque precisam aumentar o distanciamento, e isso tende a refletir [no mercado de lajes corporativas]”.

    O fundador da Yuca, Rafael Steinbruch, pontua que as mudanças nas formas de trabalho não serão radicais a ponto de haver uma transição completa para home office: “Vai haver flexibilização de horários, trabalhar alguns dias em casa, mas a figura do escritório não vai embora. Temos que adaptar a moradia, mas nosso entendimento é que o home office não substitui integralmente os escritórios”.

    Ele assinala vantagens do escritório tradicional, como a comunicação mais eficiente entre os colaboradores e um melhor entendimento da cultura da empresa. 

    Vacância vai voltar a subir?

    De acordo com Giuliano, até o momento não há volume considerável de rescisões em contratos de locação corporativa. O que tem ocorrido, sim, são negociações pontuais entre proprietários e empresas em casos nos quais é necessário diferir o pagamento dos aluguéis para as que comprovadamente estão sendo impactadas pela crise.

    No fim do 1º trimestre, a vacância em São Paulo era de 13,5%, percentual que está dentro do que é chamado de faixa de equilíbrio entre oferta e demanda. “No passado, houve crises nas quais a oferta era alta; hoje, isto não acontece. Quando consideramos regiões mais centralizadas, como Jardins por exemplo, a vacância é ainda menor, de 4,6%. Se for falar de triple A (alto padrão), ela está na casa dos 7%, é uma vacância baixa”, revela.

    Ainda, assim como nos últimos anos, o volume de entregas previsto para 2020 é baixo, o que acaba sendo positivo para manter a taxa atual.

    Coworkings em todo lugar

    Segundo Steinbruch, a Yuca deve acelerar um de seus projetos em razão do novo coronavírus: trata-se da criação de pontos de encontro localizados em regiões estratégicas dos bairros onde a startup está presente. “A ideia é que seja quase como um clube, uma estrutura de coworking, um lugar de eventos para servir a todos os residentes daquela área”, revela o executivo.

    O diretor de locações da CBRE, Felipe Giuliano, destaca a criação de coworkings em prédios residenciais e hotéis, algo que já está ocorrendo: “É um escritório satélite perto de casa com uma estrutura melhor para trabalhar”. 

    O especialista pontua que escritórios e coworkings têm estruturas muito melhores para oferecer em relação ao home office – e que os coworkings são ainda mais apropriados caso a locação seja por um curto período: “Ao invés de trabalhar em casa, vai ao hub aberto pela empresa, que pode ser um coworking. Funciona bem porque é locação temporária. Se a empresa vislumbra isto por mais tempo, vale a pena alugar um escritório tradicional”.

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