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    Empresários debatem reflexo da economia compartilhada nos negócios

    Segurança, hotelaria, armazenamento de bens e escritórios foram pauta em painel do Summit Modelos Disruptivos

    4/10/19
    Por Henrique Cisman

    Uma das discussões durante o Summit Modelos Disruptivos 2019 foi sobre o impacto da economia compartilhada nos negócios atrelados ao mercado imobiliário. O painel – apresentado pelo jornalista Sérgio Waib – reuniu Tiago Alves, CEO Brasil da Regus, Patrick Mendes, CEO América do Sul da rede Accor Hotels, Thiago Cordeiro, fundador da Good Storage, e Chen Gilad, co-CEO do Grupo Haganá.

    Waib abriu o debate afirmando que a tecnologia pode, além de mudar os negócios, até mesmo exterminar certos modelos. Com indagações próprias e outras realizadas pela audiência, o apresentador passou a bola para os especialistas.

    Hotelaria

    Na avaliação de Patrick Mendes, os modelos considerados disruptivos obrigaram empresas tradicionais da hotelaria a repensar o produto oferecido aos clientes. Ele destacou que atualmente é necessário providenciar outros serviços além da simples acomodação em um quarto, tais como espaços de lazer mais utilizáveis e áreas de coworking e coliving. “A hotelaria moderna está se transformando em um local com vários tipos de públicos”, afirmou. 

    Perguntado sobre o Airbnb, Mendes assinalou que o surgimento do modelo foi benéfico para a indústria hoteleira. “Assim como a Uber fez com os táxis, o Airbnb resulta em melhorias na experiência do cliente [na hotelaria tradicional], contribuindo para o setor ser mais inovador e criativo”. Sobre a concorrência, ele destacou que o Airbnb revelou a escassez na oferta de produtos para o público econômico. 

    Mendes se posicionou com bastante tranquilidade em relação à competição dos diversos players do ramo hoteleiro, dada a elevada demanda. “A demanda hoteleira é de 1,4 bilhão [de consumidores] e cresce quase 7% ao ano, enquanto a oferta aumenta entre 3% e 3,5% ao ano”, ilustrou.

    O CEO da Accor Hotels na América Latina informou que o grupo está atento ao público mais velho. “A população de 60 anos em diante tem dinheiro, é adimplente, fiel e tende a crescer. Vai representar 40% da população do Brasil em 2050. É um interesse que temos para o futuro”.

    Segurança

    O especialista Chen Gilad citou alguns serviços que ganharam força na onda da economia do compartilhamento, tais como os sistemas de monitoramento por câmeras que são repartidos entre diferentes prédios, assim como zeladoria e portaria, utilizando como exemplo um empreendimento econômico da MRV em Pirituba que tem 27 prédios e dispõe de serviços compartilhados. 

    Por outro lado, Gilad ponderou que é preciso ter cuidado para não abrir mão da segurança em nome da tecnologia, como ocorrido em um condomínio situado em Higienópolis – bairro nobre de São Paulo -, onde os moradores extinguiram a portaria e passaram a controlar entrada e saída do edifício por meio dos próprios celulares. O prédio foi assaltado, pois os criminosos conseguiram acesso após render um dos moradores na rua. 

    “É muito bacana [o compartilhamento], desde que considerado esse aspecto da segurança. São muitos os desafios que surgem com a economia compartilhada, como o próprio acesso de estranhos a empreendimentos via Airbnb, mas sinto que o setor de segurança [privada] está preparado”, afirmou.

    Escritórios

    Responsável pelos escritórios da Regus no Brasil, Tiago Alves falou sobre os coworkings, que vivem um ótimo momento em todo o mundo. “É um mercado que cresce 50% ao ano nos últimos 3 anos e forte combatente da vacância imobiliária nos períodos de crise [em lajes corporativas], além de ser base de crescimento para outros modais de economia compartilhada”, disse.

    De acordo com Alves, menos de 1% dos imóveis no Brasil são flexíveis de alguma forma, e todos os estudos apontam para um mercado pelo menos 30% flexível em 11 anos. “Ou seja, o crescimento desse mercado vai continuar”, projetou.

    Sobre os desafios desse modelo de negócio, ele pontuou que é necessário ter atenção a três premissas básicas: localização que leve em conta a demanda local, tamanho do empreendimento e formato – 80% das empresas em coworkings estão em salas privativas, embora haja coworkings com 90% do espaço destinado a ambientes compartilhados. “É legal área compartilhada, mas não é [somente] disso que vive um coworking”, ressaltou.

    Alves ponderou que a economia compartilhada não vai ser o único modal do futuro porque nem tudo vai ser disruptivo. Self storage, coworking e aplicativos de transporte são algumas das opções dentre outras tradicionais, explicou o especialista. Mas há, de fato, cada vez mais espaço para tais modelos. “Há 5 anos, ninguém apresentava um recibo da Uber na sua empresa, o certo era o recibo do táxi; hoje, é normal, todas empresas utilizam”.

    Armazenamento de bens e produtos

    Consolidado há muito tempo nos Estados Unidos, o armazenamento externo de bens e produtos – conhecido como self storage – vive um momento positivo em relação à aderência no Brasil, afirmou Thiago Cordeiro, fundador da Good Storage, sendo reflexo direto dos novos hábitos implementados pela economia compartilhada.

    “Há 5 anos, tinha-se uma grande dúvida: esse negócio dá certo com brasileiro? Estamos respondendo melhor essa pergunta: acreditamos muito na mobilidade das pessoas nas cidades, que vai acontecer; morar no mesmo apartamento por décadas tem nada a ver com o conceito de experiência. Soluções estão sendo ofertadas para que a pessoa possa enxergar sua vida mais móvel”, disse Cordeiro.

    Além da utilização por pessoas físicas, o modelo tem sido procurado por empresas para otimizar as entregas de produtos. “Falando de last mile (última milha), dentro da cidade é preciso suprir uma infraestrutura que não existe. Temos como cliente uma fabricante de bicicletas, e são entregues 250 bicicletas por dia atendendo um raio de 2 km”, ilustrou.

    Ele chamou atenção, ainda, para o desaparecimento de certos ativos como reflexo da nova economia, tais como agências bancárias, lojas de automóvel e postos de gasolina.

    Encerrando o painel, o apresentador Sérgio Waib destacou que o Brasil é o quarto maior mercado consumidor de tecnologia no mundo. “A tecnologia está bastante presente na vida das pessoas de alto e baixo poder aquisitivo. O que existe é uma distinção de produto e serviço com relação ao preço, e aí cada um consome conforme sua capacidade financeira”.

    Foto: Flávio R. Guarnieri

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