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    Construção em madeira é a “próxima onda do mercado”

    Entenda as vantagens das construções em wood frame, método que em ganhando espaço no Brasil

    16/01/2020
    Por Luiza Bellintani

    A preocupação com o meio ambiente se torna cada vez mais presente no dia a dia das construtoras e incorporadoras do mercado, que buscam caminhos para evitar dano ao ecossistema e, ao mesmo tempo, posicionarem-se à frente da concorrência. Os materiais utilizados no processo de construção podem ser de grande impacto ambiental, por isso sua escolha é um dos passos mais importantes para garantir o desenvolvimento de um empreendimento sustentável. 

    Uma das alternativas que se destacam na procura por soluções é o uso de madeira como material principal em construções, utilizando técnicas inovadoras para um trabalho sustentável e eficiente. Empreendimentos desse tipo já são comuns pelo mundo, desde edifícios residenciais ou comerciais a prédios universitários e museus, e essa técnica é cada vez mais apoiada no mercado. 

     O que é wood frame e CLT?

    A madeira pode ser transformada por diversas técnicas que se adequam à necessidade do projeto. Construções em wood frame, por exemplo, utilizam a madeira como parte da estrutura, como explicou Caio Bonatto, CEO da TecVerde, empresa de Curitba especializada no modelo construtivo. Outro método é o CLT (cross laminated timber), que é indicado para construções de edifícios mais altos e que exigem uma estruturação mais forte.

    Basicamente, as técnicas consistem na junção de diversas camadas de madeira para formar uma única placa. Posteriormente, as placas pré-fabricadas podem ser encomendadas de acordo com as necessidades de cada obra.

    A exclusividade dessa metodologia exige atenção no ambiente da engenharia. Isso não apenas para a execução dos projetos em madeira, mas para que a formação de futuros profissionais inclua uma base estruturada em relação aos conhecimentos dessas técnicas, indo além dos métodos convencionais de construção.

    Em conversa com a Smartus, o arquiteto Pedro Nitsche apontou que as universidades observam com atenção o desenvolvimento de metodologias como o wood frame no Brasil. “A estrutura de madeira é pouco desenvolvida em São Paulo. Mas no Sul, por exemplo, existem muitas construções assim. Eu acredito que a academia está atenta a isso”, disse. 

    As vantagens do wood frame

    Uma das vantagens mais essenciais proporcionadas pela construção em madeira é  o fato de ser um material muito mais sustentável do que outros comumente utilizados pela construção civil. Segundo Bonatto, é possível reduzir mais de 80% das emissões de gás carbônico e a produção de resíduos de obras. Ainda, o consumo de água durante a construção pode sofrer redução de mais de 90%. 

    A diminuição do prazo de obra também é um dos pontos significativos desse tipo de técnica. “Conseguimos executar uma obra pelo menos quatro vezes mais rápida que em uma construção tradicional”, afirma Bonatto. Sendo assim, a produtividade e eficiência dos projetos é beneficiada. 

    Outra vantagem apontada pelo empresário é a redução de custos, uma vez que a quantidade de trabalhadores no canteiro de obras é reduzida – 85% da obra pode ser executada dentro da fábrica. “Todas as janelas, instalações hidráulicas e elétricas são instaladas na fábrica, e então essas peças são montadas no canteiro como se fosse um lego”, explica. 

    Para o incorporador, esses benefícios também são perceptíveis. Como explicado por Marcelo Lage, co-presidente da Valor Real, em conversa com a Smartus, a construção em madeira é muito bem recebida pelos compradores, não apenas por ser um material sustentável, mas também pelo conforto térmico e acústico que proporciona. 

    “O desempenho dessa tecnologia é superior e, olhando adiante, um condomínio que possua a premissa da sustentabilidade implantada, será um condomínio com menor custo de manutenção, o que o torna mais atrativo”, avalia Lage.

    Construções em wood frame no Brasil

    Unidades construídas em madeira já são realidade no Brasil. Projetos para o programa Minha Casa, Minha Vida foram desenvolvidos pela Tecverde através de uma técnica de encaixe de painéis em construções de até 4 andares, chamada wood frame

    Ainda, projetos de unidades com mais pavimentos estão sendo desenvolvidos no país. Neste ano, por exemplo, São Paulo receberá um edifício construído inteiramente em madeira 100% certificada. O projeto é uma iniciativa da Amata – empresa florestal com mais de 10 anos de atuação – assinado pelo escritório Triptyque. O prédio, que terá 13 pavimentos, será construído em CLT – um material formado por diversas camadas de madeira maciça em duas direções diferentes.

    Em entrevista à Smartus, Ana Belizário, gerente de projetos da Amata, fala sobre as perspectivas da empresa, que se responsabiliza por fornecer material em madeira de qualidade e certificado para o mercado. “As certificações são muito criteriosas em relação às operações de florestas, e hoje nossas quatro florestas são certificadas cumprindo todos os requisitos”. 

    Segundo Belizário, a partir de 2022 a empresa terá sua própria indústria para a produção de madeira engenheirada, ou seja, do material já processado em peças industriais com destino direto para a obra. 

    Expectativas para os próximos anos

    Com o interesse em materiais sustentáveis e o fortalecimento do mercado imobiliário no último ano, o crescimento da construção em madeira será muito perceptível daqui em diante. “Todos os itens que deveriam ser superados para o mercado se recuperar já foram alcançados, e acreditamos que o interesse será bem maior, principalmente nos próximos três anos”, prevê Belizário. 

    O CEO da Tecverde projeta que a expectativa é promissora pela necessidade de melhorias na produtividade do mercado, principalmente no setor de baixa renda. “As construções industrializadas em wood frame têm a chance de ser a próxima onda do mercado, assim como foi o concreto há 10 anos. Para imóveis comerciais, por exemplo, acredito que a CLT pode ser uma grande tecnologia do futuro, em substituição ao aço e ao concreto”.

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