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    Test living: vantagens para o morador e para a construtora

    Modelo pode ser uma solução em momentos de incerteza, como na pandemia

    Daniel Caravetti

    02/10/2020

    A decisão de comprar um imóvel certamente não é simples. O sonho da casa própria, as altas cifras, a burocracia na transação, o compromisso de longo prazo, além das incertezas de um país em crise, são alguns dos motivos que a tornam uma das etapas mais complexas da vida de muitas pessoas.

    Para atenuar este processo e garantir que a escolha do imóvel seja correta, surgiu uma nova modalidade no mercado, o test living, ou aluguel com opção de compra. Trata-se de um modelo no qual o interessado aluga a propriedade que deseja comprar por um determinado período e apenas no final do contrato decide se vai ou não comprá-la.

    O grande diferencial é que caso o interessado decida realmente adquirir o imóvel, as quantias pagas durante o aluguel são abatidas no valor de compra. Por outro lado, se o negócio não for fechado, o inquilino deixa o espaço sem sofrer nenhuma penalidade.

    Uma das empresas que trabalha com test living é a IM7, plataforma desenvolvida para corretores que atua com o modelo junto ao estoque de construtoras. Neste caso, o período de aluguel com opção de compra tem validade de um ano. “As construtoras têm que levar conveniência ao seus clientes e este serviço proporciona isso”, afirma o CEO Felipe Ribeiro, para a Smartus.

    Atenta à esta necessidade, a construtora MPD desenvolveu seu próprio modelo de test living, denominado Invista seu Aluguel, no qual os contratos têm duração de 30 meses, podendo o locador exercer sua opção de compra a qualquer momento desde o primeiro aluguel. A empresa também trabalha com a modalidade em imóveis comerciais.

    “O Invista seu Aluguel nasceu em 2016, como resposta à crise econômica pela qual o país passava naqueles anos. A campanha foi concebida para atender as pessoas que tinham intenção de comprar um imóvel da MPD, mas que estavam com medo de se descapitalizar”, diz Rafael Mattioli, gerente comercial de Incorporação, em entrevista à Smartus.

    Benefícios para o interessado no imóvel

    Pode-se citar como principal benefício para o interessado na propriedade justamente a opção de experimentar a casa antes de comprá-la. Assim como o nome test living sugere, é um conceito semelhante ao test drive, no qual o cliente dirige o carro de seu interesse antes de decidir pela compra do mesmo.

    Como a compra de um imóvel é um compromisso de longo prazo, tiramos aquele peso inicial da decisão. O consumidor pode validar realmente a moradia naquele determinado empreendimento e bairro, para depois confirmar ou não o seu desejo de aquisição. O test living atende o cliente indeciso, não havendo burocracia para deixar o imóvel”, cita Ribeiro. 

    Além disso, existe o aspecto financeiro: se confirmada a aquisição do imóvel, significa que o locatário realizou um investimento durante o período de aluguel, o que não ocorre em modelos tradicionais de locação. 

    Fora isso, a parcela de entrada do imóvel acaba sendo diluída, o que pode ser um bom negócio para quem não conta com uma poupança. “O morador não se descapitaliza no momento da mudança e ainda tem tempo para vender um antigo imóvel, por exemplo”, cita Mattioli.

    Benefícios para a construtora

    Além de ter benefícios para o interessado no imóvel, o modelo de test living oferece a vantagem de manter os empreendimentos ativos para as construtoras, o que pode ser importante em momentos de maior dificuldade na comercialização. Os executivos da IM7 e MPD explicam a possibilidade.

    “Normalmente existe um volume de estoque dentro de um prédio recém entregue, o que significa um custo. Com o test living, evita-se que um imóvel fique desocupado e ainda se fortalece a possibilidade de venda. Ainda tem o fato de habitar o prédio, o que esteticamente também ajuda a performar outras vendas”, afirma Ribeiro.

    “O modelo é capaz de manter o fluxo de imóveis e o mercado ativo mesmo em momentos de desaceleração econômica e incertezas, como o que estamos vivendo na pandemia. Essa pode ser uma ótima saída tanto para nós construtores quanto para aqueles que, mesmo com o receio de se descapitalizar, mantêm o desejo de adquirir um imóvel”, acrescenta Mattioli.

    Qual a variação de preço em relação ao aluguel tradicional?

    De acordo com o gerente comercial da MPD, no modelo oferecido pela empresa, o aumento de preço em relação a uma locação normal é geralmente de 50%, lembrando que o valor pago é integralmente abatido na entrada do imóvel. Como o contrato é de 30 meses, o valor das parcelas é corrigido anualmente pelo IGP-M e a construtora arca com o seguro-fiança.

    Enquanto isso, o CEO da IM7 garante que no modelo oferecido pela empresa o custo do test living representa uma alta de 15% a 17% em relação a um aluguel comum. Assim como na MPD, a partir do momento em que a compra é confirmada, as parcelas são automaticamente destinadas ao pagamento da entrada do imóvel.

    Modelo pode ganhar espaço nos próximos anos?

    Mesmo muito promissor, o conceito de test living ainda é pouco conhecido no Brasil e não conta com uma grande procura, como explica Mattioli: “A demanda direta por esse modelo é relativamente pequena, pois muitas pessoas ainda não a conhecem ou ficam inseguras por se tratar de algo novo”.

    “Porém, trata-se de um modelo de negócio com muito potencial, já que oferece possibilidades para diversos públicos que pensam em ter um imóvel a médio prazo, como jovens que queiram sair da casa dos pais ou famílias que precisam de um endereço com mais espaço. Não há dúvida que à medida que as pessoas forem se informando mais, haverá uma adesão crescente”, finaliza.

     

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