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    Notícias

    Aumento no preço dos insumos preocupa a construção civil

    Presidente da Abramat entende que variação está relacionada com o custo de matérias-primas

    Daniel Caravetti

    04/08/2020

    Um dos setores que vem liderando a recuperação econômica do país, a construção civil mostra preocupação com o aumento no preço dos insumos. O cimento, por exemplo, teve alta sentida por 95% dos empresários consultados por um levantamento da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção). 

    Dentre outros materiais, 90% dos participantes perceberam um aumento no preço dos cabos elétricos, 87% no preço do aço, 81% no preço do concreto e 80% no preço dos blocos cerâmicos. O presidente da CBIC, José Carlos Martins, criticou a postura dessas indústrias.

    “É uma miopia por parte da cadeia produtiva. Em um momento no qual indicadores têm mostrado sinais de recuperação no setor, quando existe a expectativa de que a construção civil possa puxar a retomada do crescimento, alguém decide levar vantagem”, disse em matéria institucional.

    Outro representante do setor, Antonio Ramalho, presidente do Sintracon/SP, entende que o aumento no preço dos suprimentos também deve impactar o comprador do imóvel: “A construtora dificilmente mexe na margem de lucro e deve repassar esse aumento para o consumidor final. Podemos, inclusive, ver pessoas entrando na justiça contra esse repasse”, afirma à Smartus.

    O especialista diz ainda que a construção ‘formiguinha’, responsável pela compra de quase 80% dos insumos, será um segmento bastante afetado. O termo se refere às pequenas obras e reparos feitos em casas e apartamentos.

    O que motivou o aumento nos preços?

    Para Ramalho, o crescimento no volume destas pequenas obras e reformas durante a pandemia pode ter incentivado a alta no preço de alguns materiais de construção. Trata-se da lógica de oferta e procura.

    O presidente do Sintracon/SP também revela que entrou em contato com cimenteiras para entender os motivos para o aumento no preço da matéria-prima, que apresentou a maior alta segundo a pesquisa da CBIC. Segundo Ramalho, a justificativa das empresas é que não houve reajuste nos últimos cinco anos.

    Em resposta à Smartus, a assessoria de imprensa do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento e da Associação Brasileira de Cimento Portland alegou que “as entidades não se manifestam sobre relações comerciais entre a indústria do cimento e seus respectivos clientes, especialmente no tocante a preços”, e garantiu que o ramo cimenteiro tem atuado em sintonia com a cadeia produtiva da construção civil.

    Outros órgãos, representantes da indústria de cabos elétricos, aço e concreto, foram procurados pela Smartus e também se recusaram a comentar o aumento no preço dos materiais. A Abramat (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção) aceitou se posicionar sobre o assunto.

    “Os aumentos verificados estão, em sua maioria, relacionados à elevação de custos de matérias-primas. Também há influência dos reajustes de inflação e aumento dos custos operacionais devido à implantação de protocolos sanitários e afastamento parcial de funcionários”, afirma o presidente Rodrigo Navarro.

    Especificamente quanto às matérias-primas, Navarro garante que a pandemia provocou escassez e aumento nos preços de diversos itens, principalmente dos que dependem de importação. Cobre e aço, por exemplo, seguem referenciais de preços internacionais e são afetados pela cotação do dólar. O primeiro deles se trata da matéria-prima de grande parte dos cabos elétricos.

    Já no caso dos produtos de plástico, os associados da Abramat garantem que o aumento acumulado em matéria-prima foi, em média, de 15% a 17%. A situação impacta diretamente os custos de tubos e conexões, por exemplo. Para Navarro, portanto, o equilíbrio nos preços será alcançado com uma maior estabilidade do mercado.

    “Podemos dizer que o patamar de preços praticado dependerá da regularização de fornecimento das matérias-primas e da retomada progressiva das atividades econômicas no Brasil e no mundo. Além disso, existe a influência da oferta e demanda do mercado, que pode se alterar de forma mais pontual em alguns setores”, assegura o presidente da Abramat.

    O que será feito pelo setor de construção?

    De acordo com o presidente do Sintracon/SP, associações e sindicatos da construção se uniram para superar este desafio e evitar que haja desaceleração na retomada pós-pandemia.

    “Estamos organizando uma reunião com representantes do setor e o diretor executivo do Procon/SP, Fernando Capez, que deve fazer a ponte com as associações de suprimentos. Ninguém quer tabelar os preços, mas sim contê-los para que a construção possa se recuperar o mais rápido possível”, concluiu.

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