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PMO: a unidade por trás dos ganhos de produtividade na construção
Escritório com equipe multifuncional é um dos trunfos do sucesso da Tecverde Engenharia
Henrique Cisman
29/10/2020
Você provavelmente já ouviu falar no termo project management office (PMO), ou escritório de gestão de projetos. Ele é um dos fatores de sucesso para empresas que perseguem ganhos de produtividade e redução de custos em seus processos, tendo grande relevância nas atividades da construção civil.
A unidade atua nos bastidores das operações da Tecverde Engenharia, construtora que utiliza um sistema industrializado para acelerar a entrega de empreendimentos – casas, prédios e até hospitais, estes últimos durante a pandemia – e atua em parceria com incorporadoras no Brasil.
Segundo a engenheira civil Mariana Costa, analista de Engenharia do PMO da Tecverde, a unidade é formada por especialistas de diferentes setores da empresa, unidos para desenvolver projetos de melhorias, inovações e reduções de custos nos processos da construtora paranaense.
“O escritório de gestão de projetos consegue trazer ao presente a visão de longo prazo da empresa, inserindo pontualmente novas tecnologias nas soluções e nos processos existentes, juntamente com projetos de redução de custos diretos e indiretos, pois no mercado atual é de extrema importância conciliar tecnologia com um custo competitivo”, explica Mariana.
Segundo a especialista, o PMO pode trabalhar com várias vertentes, sendo uma das principais exatamente a redução de custos. “Quando falamos em reduzir custo, não se trata de tirar algo do escopo ou mudar a qualidade do acabamento; é otimizar processos que são críticos na obra, analisar a produtividade e trazer soluções de métodos e equipamentos inovadores que oferecem mais agilidade para o processo”, afirma.
Existe uma relação direta entre produtividade e economia financeira, continua Mariana: “Ao reduzir o tempo de obra, conseguimos diminuir os custos indiretos da construção”, assinala a engenheira civil.
Escopo blindado
Um dos projetos em andamento no PMO é o que se chama de escopo blindado, que consiste em realizar toda a montagem do prédio com as estruturas das paredes, instalações elétricas, hidráulicas e cobertura em duas semanas, o que significa metade do tempo que se leva atualmente.
“Hoje, realizamos toda a montagem dos painéis que já vêm de fábrica com elétrica e hidráulica embutida e depois entram as partes de finalização dessas conexões em obra. Vamos trabalhar com uma equipe multifuncional treinada para fazer trabalhos diferentes, o que reduz a quantidade de pessoas no canteiro”, diz Mariana.
Outra iniciativa do escritório de gestão de projetos da Tecverde é a finalização dos banheiros em ambiente de fábrica, incluindo os acabamentos: “O banheiro é uma das etapas da obra que consideramos caminho crítico porque tem louça, metal, cerâmica etc., toda uma parte que leva mais tempo. A ideia é levar tudo isso pronto de fábrica, chegar e encaixar na estrutura”, explica.
A especialista revela ainda um terceiro projeto em andamento na construtora, relacionado à impermeabilização dos empreendimentos. “Apesar de construirmos rapidamente, essa etapa leva mais tempo devido à secagem. Temos parcerias com grandes empresas para desenvolver produtos que tenham secagem rápida e, assim, uma atividade que leva seis horas poderá ser feita em duas”, conta.
Importância do material utilizado
Atualmente, os projetos construídos pela Tecverde têm como base o wood frame. Mariana diz que a escolha desse sistema construtivo teve a influência de dois fatores principais: potencial de industrialização e sustentabilidade. “Os fundadores da Tecverde fizeram muitas pesquisas e viram que o potencial de industrialização do wood frame era muito alto na Europa; então, trouxeram a tecnologia para o Brasil. Após onze anos, vemos que foi um grande acerto”.
A especialista ressalta que a produção é extremamente industrializada hoje, o que permite dar escala aos empreendimentos. Com apenas um turno de fábrica, são produzidas diariamente seis casas ou apartamentos.
De olho nessa incrível produtividade, a construtora Tenda anunciou que vai adotar a metodologia de construção industrializada em alguns de seus empreendimentos. “A Tenda percebeu que somente através da tecnologia industrializada vai conseguir ampliar o mercado de atuação. Isso é importante porque mostra a capacidade do sistema”, comenta Mariana Costa.
O outro fator decisivo – a sustentabilidade – ocorre porque se utiliza madeira de reflorestamento do tipo pinus em toda a parte estrutural do sistema construtivo, com as vantagens ambientais por ele ser renovável, com ciclo curto de obtenção na natureza e responsável por absorver gás carbônico da atmosfera.
A especialista explica que a Tecverde tem uma seção própria para testar protótipos de todas as soluções do PMO antes de executá-las em obra.
“Alguns fornecedores pensam que não terão produtos para nos atender. Porém, neste sentido, a única coisa que nos difere dos sistemas construtivos convencionais do mercado são alguns insumos usados na composição estrutural do painel, como madeira pinus com tratamento químico, OSB e membrana hidrófuga, além dos fixadores que conectam os painéis”, afirma.
“O restante de nossos insumos fazem parte da fase de acabamento, ou seja, são os mesmos utilizados em um sistema construtivo convencional”, complementa.
Para a especialista, a construção civil tem um grande desafio para solucionar: a falta de qualificação na mão de obra do setor. Na Tecverde, o PMO criou um programa para enfrentar este desafio: “Temos uma unidade chamada Central de Treinamento para qualificar a mão de obra sempre que há uma nova solução, antes de ela ser executada em obra”, diz.
Um importante gargalo no mercado de construção civil brasileiro como um todo é o baixo volume de investimentos em pesquisa & desenvolvimento para a criação de novas soluções, que é a base do PMO, encerra Mariana.
Foto: Wibs
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