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Novo coronavírus impacta gravemente setor hoteleiro
Hotelaria foi pega de surpresa pela pandemia que atingiu níveis globais; momento é de mensurar consequências e enfrentar o desafio
25/03/2020
Por Eduarda Mancin
Após expectativas e previsões de um 2020 animador, o setor imobiliário se prepara para encarar um enorme desafio. O vírus Covid-19, originário da província de Wuhan, na China, deu início a uma pandemia que alterou completamente os rumos da economia global. Países de todo o mundo foram atingidos pela doença, que devido à escalada exponencial de contágio, forçou governos a tomar medidas de isolamento social.
Nesse cenário, viagens turísticas e corporativas, principalmente as com destino internacional, tornaram-se inviáveis. Concomitantemente, eventos foram adiados ou cancelados, seguindo a orientação da OMS (Organização Mundial da Saúde) para evitar aglomerações.
Todas essas ações refletem diretamente no turismo mundial, especialmente no segmento hoteleiro. A expectativa é de queda brusca de indicadores como RevPar (revenue per available room) e aumento das taxas de vacância para cidades turísticas como Paris e Nova York. No Brasil, A Associação Brasileira da Indústria Hotéis (ABIH Nacional), a Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA) e o Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB) entraram em negociação com o Governo Federal para a adoção de medidas que visam diminuir ao máximo o impacto da pandemia no ramo, principalmente após as taxas de ocupação caírem abaixo de 10%.
Segundo pesquisa desenvolvida pela JLL, a magnitude da situação dependerá da duração do surto da doença. Redes hoteleiras localizadas em municípios do interior têm chance de sofrerem um impacto menor, beneficiadas pela onda de substituição de viagens internacionais pelas domésticas, durante e após a pandemia.
Impactos no Brasil
O segmento também já sente os efeitos da crise no Brasil. A Associação Brasileira da Indústria Hotéis (ABIH Nacional) faz um apelo para que reservas não sejam canceladas e sim remarcadas, uma tentativa de diminuir a queda brusca nas taxas de ocupação das redes hoteleiras.
“No Rio de Janeiro, cerca de 25 estabelecimentos estão interrompendo suas atividades até o final de abril; em São Paulo, a média de ocupação desta semana está em cerca de 5% e os hotéis da Baixada Santista estão todos fechados. Por todos os estados brasileiros há exemplos de como o coronavírus está afetando diretamente o setor hoteleiro. Em Salvador, a pandemia reduziu a praticamente a zero as reservas nos hotéis da cidade nesta semana”, revela a entidade.
“Com a maioria absoluta dos eventos sendo cancelados, a previsão é de que a taxa de ocupação caia de 90% a 100% até o final de abril e, por essas razões, temos defendido que o setor de hotelaria receba apoio efetivo das autoridades a nível federal, estadual e municipal para ultrapassar esse momento único e difícil”, completa a ABIH.
Além da hotelaria tradicional, modelos de locação de imóveis por aplicativo, vistos como tendência de mercado, também foram afetados.
Covid-19 e a mudança nos negócios do Airbnb
A empresa de locação de imóveis por aplicativo Airbnb já sente as consequências das medidas anti-contágio. Em Tel Aviv, capital de Israel, o número de acomodações disponíveis aumentou e os preços desabaram; os apartamentos estão sendo oferecidos de forma diferente. Antes voltados a turistas, os imóveis agora são ofertados por períodos curtos, com opção de duração de contrato de um ano, e outras cidades do mundo estão seguindo exatamente o mesmo caminho.
Em Dublin, foi observado um aumento de acomodações disponíveis para locação em março, mês em que a pandemia atingiu um alto número de infectados ao redor do globo. Países como Itália e Espanha – que possuíam intensa atividade turística e agora são epicentros da doença na Europa – também interromperam os serviços da plataforma.
No Brasil, o cenário não apresenta sinais de uma perspectiva diferente. Após diversos estados decretarem quarentena e proibição de movimentação pelo território, a tendência é que os quartos disponibilizados no app continuem vagos por período indeterminado.
“A situação hoje no mundo é incerta, não só no Brasil. Mas, definitivamente, a plataforma sentirá os impactos conforme o vírus avança no país. Mesmo após a atenuação dessa adversidade, crises anteriores mostram que a tendência, sobretudo em grandes centros turísticos, é que o segmento tenha um ritmo de retomada mais lento em comparação aos demais devido à insegurança das pessoas em viajar e se hospedar”, avalia Leonardo Faria, diretor de projetos da Smartus.
Como meio de fortalecer o relacionamento com os usuários da plataforma, o Airbnb anunciou que qualquer pessoa que fez uma reserva antes do dia 14 de março de 2020 pode cancelar sem arcar com qualquer tipo de taxa – a medida agradou viajantes que cancelaram os planos de última hora devido à pandemia. Em contrapartida, os hosts (proprietários que alugam seus imóveis) se sentiram prejudicados pela ação.
Multipropriedade e o risco de distratos
O segmento de multipropriedades – produto com base imobiliária que não engloba exclusivamente a hotelaria – também sofrerá as consequências da pandemia. A insegurança das classes B e C com relação aos seus empregos neste momento de instabilidade é um fator-chave, pois são essas pessoas as principais adquirentes do modelo.
Ademais, as perspectivas de melhora para o período pós-crise são avaliadas a longo prazo. Diferentemente da hotelaria, que possui uma procura passiva, a multipropriedade se utiliza de venda ativa, captando clientes que talvez nem pensavam em adquirir este produto no momento; com o vírus, o tamanho do aporte necessário para o projeto se torna um considerável empecilho.
Próximos passos
Ao encarar a dimensão do desafio que o segmento hoteleiro tem pela frente, é necessário manter um canal aberto com os players desse mercado e com as ações tomadas por cada governo. A hotelaria passará por um momento que exige resiliência e diálogo, além de sabedoria para contingenciar custos e preservar o negócio.
A curto prazo, é difícil traçar soluções, pois o cenário que se apresenta está fora do controle de qualquer um, mas ter uma comunicação clara, tomar providências que visam o bem-estar da população e monitorar o mercado são medidas que contribuirão para a estabilização do setor pós-crise.
Leia também: Crédito imobiliário não cessa, mas tramitação deve ser mais lenta
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Foto: Abbas Khorshidi/Flickr
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