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    Imóveis batem renda fixa nos últimos 10 anos e miram valorização ainda maior

    De 2009 a 2019, rendimento médio anual foi de 15,3%, superior às aplicações de renda fixa mesmo com anos de juros altos

    Henrique Cisman

    20/07/2020

    Levantamento realizado pela Abrainc (Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias) mostra que o rendimento médio anual dos imóveis no Brasil entre 2009 e 2019 foi de 15,3%, somando as médias dos ganhos com aluguel (5,9% ao ano) e com a valorização das unidades (9,4%). No mesmo período, a poupança rendeu, em média, 6,5% ao ano, e aplicações em CDB apresentaram ganhos médios de 9,8% ao ano.

    O levantamento destaca que o rendimento dos imóveis conseguiu ser maior mesmo em um cenário de grave recessão econômica entre os anos de 2014 e 2018, quando as taxas de juros foram as maiores da história no Brasil. Considerando apenas o recorte anual, desde 2014 o ganho total com imóveis ficou abaixo do recebido na renda fixa, mas isso certamente vai se inverter em 2020.

    Conforme mostrado pela Smartus no início do mês (clique aqui e leia na íntegra), o atual contexto monetário torna o investimento em imóvel uma opção ainda mais atraente. Em resumo, com a taxa básica de juros oficial do país no menor patamar da história, aplicações em renda fixa pagam cada vez menos ao investidor, que agora já enxerga sua remuneração perdendo para a inflação.

    O relatório divulgado pela Abrainc pontua que além dos ganhos mensais com aluguel e da tendência de valorização do preço no longo prazo, investir em imóveis é uma alternativa mais segura à renda variável, pois sofre menos impactos em períodos de recessão econômica. “Em momentos de crise, quando ativos de renda variável mostram grandes quedas, o preço dos imóveis é pouco afetado”, destaca.

    Outro fator importante é a redução dos juros do crédito imobiliário, queda que também está relacionada aos cortes na taxa Selic. Segundo o relatório, a cada 1% de redução nos juros do financiamento, o poder de compra das famílias aumenta em 19%. Com mais pessoas querendo comprar a casa própria, naturalmente os preços tendem a subir, elevando o patrimônio do proprietário de imóvel.

    Preço médio de venda sobe 1,1% de janeiro a junho

    De acordo com o último Índice FipeZap, o preço médio de venda de imóveis residenciais subiu 0,18% em junho na média das 50 cidades monitoradas. No acumulado do 1º semestre, a alta é de 1,1%. Considerando a inflação no mesmo período, houve valorização real dos preços de imóveis equivalente a 1,03%. 

    No recorte dos últimos 12 meses, entretanto, a valorização ainda é negativa (isto é, houve desvalorização), ainda reflexo do movimento de queda nos preços decorrente da crise econômica iniciada em 2014. Segundo a Abrainc, “o valor dos imóveis no Brasil está defasado em relação aos principais países”. O relatório afirma que o preço do m² em Nova York está 646% maior do que em São Paulo.

    Pensamento semelhante tem Antonio Setin, fundador da incorporadora que carrega o sobrenome do empresário. Durante participação no evento Expert XP, Setin disse que o preço dos imóveis “ainda vai subir muito” no Brasil. Ele argumentou que os custos de obra cresceram nos últimos meses, assim como o preço dos terrenos.

    A exceção somente serão as unidades adquiridas via Minha Casa, Minha Vida, pontuou o executivo. Estas, aliás, devem custar menos, conforme expectativa em relação às novas taxas de juros cobradas nas faixas 1,5 e 2 com a reformulação para o novo programa, cujo nome será Casa Verde Amarela.

    Para Setin, o atual patamar da Selic será o grande responsável pelo crescimento do mercado imobiliário: “Se fosse no tempo da [ex-presidente] Dilma Rousseff, com uma Selic a 15%, ninguém ia tirar dinheiro de aplicação para colocar no mercado imobiliário. Mas agora o cenário é outro, com juros baixos”, disse.

    Renda com aluguel supera (sozinha) renda fixa

    Em maio de 2020, a renda média obtida com aluguel superou os rendimentos de aplicações na renda fixa em 6 das 9 capitais monitoradas pela Abrainc para o levantamento, com destaque para Curitiba, Florianópolis e São Paulo.

    Segundo o Índice FipeZap, o preço médio cobrado no aluguel subiu 3,15% de janeiro a junho, alta real superior a 3%, considerando a inflação do período. Nos últimos 12 meses, também houve ganhos reais nas locações de imóveis, equivalentes a 2,13%. Em um cenário de inflação baixa – por vezes de deflação – tal como o observado agora, a rentabilidade nos próximos meses será ainda maior.

    Em São Paulo, o preço médio do aluguel subiu 2,9% no 1º semestre, segundo o portal Imovelweb. Já no acumulado dos últimos 12 meses, a alta foi de 5,9%. O portal destaca a valorização apesar do clima de incerteza gerado pela pandemia. Já a Abrainc encerra seu relatório dizendo que é esperado maior apetite dos investidores por imóveis, assim como ocorre em outros países que têm juros baixos.

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