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    Notícias

    Êxodo urbano gera queda no estoque de loteamentos

    Home office permite que colaboradores morem distantes do trabalho

    Daniel Caravetti

    16/10/2020

    Não é uma novidade que a pandemia do novo coronavírus e o consequente cenário de isolamento social forçaram muitas empresas a adotar o home office. Contudo, em virtude do prolongamento deste panorama, tanto as empresas quanto os colaboradores parecem cada vez mais adaptados ao trabalho remoto. Ou seja, o modelo emergencial tem se consolidado como uma alternativa permanente.

    O movimento, inclusive, é traduzido em números. De acordo com pesquisa realizada pela consultoria Cushman & Wakefield, que ouviu 122 executivos de multinacionais que atuam no Brasil, 73,8% das empresas pretendem instituir o home office como uma prática definitiva, seja integralmente ou em formato híbrido.

    Inevitavelmente, a provável consolidação do home office provocou reflexões no setor imobiliário residencial, principalmente a respeito de um aumento na procura por imóveis maiores e de um consequente fluxo migratório para o interior, conhecido como êxodo urbano.

    Isso porque, com o home office, não existe mais a necessidade de colaboradores residirem na mesma cidade em que trabalham. Portanto, aqueles que buscam por imóveis maiores, assim como um maior contato com a natureza e mais qualidade de vida, podem optar pela saída dos grandes centros em direção ao interior, que tem,  ainda, um m2 mais barato. Esta procura pode ser por primeira ou segunda residência.

    Êxodo urbano se confirmou?

    Inicialmente especulativo, o êxodo urbano vem se tornando uma realidade e foi confirmado por algumas loteadoras, que observam alta na demanda por terrenos no interior. A ITV Urbanismo, por exemplo, garante que nos últimos meses houve aumento de pelo menos 30% na procura por lotes da companhia, que já disponibiliza visitas virtuais.

    “Como muitas empresas sinalizaram que vão seguir trabalhando em home office, pelo menos em boa parte da semana, os profissionais estão em busca de terrenos para construir uma casa como sempre sonharam, com escritório, quintal e proximidade da natureza, dando mais qualidade de vida para toda a família. A localização agora não é tão mais importante como antes”, diz Vlamir Baccaro, gerente comercial da empresa, para a Smartus.

    Outra companhia do setor, a Perplan também sentiu os reflexos do êxodo urbano e teve seu estoque 100% vendido nos últimos meses. Em setembro, um lançamento na cidade de Ribeirão Preto teve 550 terrenos vendidos em apenas um dia.

    “As vendas de fato tiveram um salto gigantesco e são nosso termômetro para apostar na alavancagem do setor imobiliário. Sem dúvidas, o movimento de êxodo urbano está ocorrendo, mas o tamanho da escala só o tempo dirá. A Perplan, atenta a isso, tem planejado seus novos projetos imobiliários visando esse novo mercado”, afirma Rodrigo Camargo, diretor comercial e de marketing, em entrevista à Smartus.

    A Perplan também atua no segmento de incorporação e garante estar igualmente observando aumento na demanda por imóveis verticais maiores: “A procura por apartamentos mais inteligentes e espaçosos também aumentou, fruto desse período no qual as famílias ficaram isoladas em suas residências”, cita Camargo.

    Outros fatores relacionados

    Mesmo que a alta na busca por terrenos já seja uma realidade, o diretor de assuntos regionais da AELO (Associação das Empresas de Loteamento e Desenvolvimento Urbano), Elias Zitune, lembra que outros fatores, além do êxodo urbano, estão envolvidos. O especialista também é diretor da Zitune, que recentemente, em parceria com a SCDU, criou o grupo ZS Urbanismo.

    “Nos produtos de primeira residência, acreditamos que há grande influência da própria população do município ou de sua microrregião, buscando produtos que reforçam a qualidade de vida e bairros com áreas de lazer e paisagismo”, diz, em entrevista à Smartus

    “Mas claro que as cidades do interior já bem estruturadas têm um potencial enorme de atração de consumidores de fora e neste momento estão se beneficiando disso”, completa o especialista, lembrando que a pesquisa trimestral do mercado de loteamentos feita por AELO, Secovi e Brain apontou para uma queda generalizada nos estoques, influenciada também pela redução no número de lançamentos.

    Sobre a queda no estoque, Zitune ressalta ainda que os lotes têm se fortificado como uma boa opção de investimento em renda variável, diante de um cenário de Selic baixa. Para o executivo, mesmo que sejam minoria comparados aos clientes finais, muitos investidores têm adquirido terrenos visando ter um ativo de baixo custo de manutenção e grande potencial de valorização. 

    Neste sentido, existe influência da compra de terrenos por parte de engenheiros civis, como explica o diretor da Perplan: “Também houve um aumento na aquisição por parte de construtores, que erguem as casas para vender prontas”, diz Camargo.

    Aumento nos preços 

    Vale lembrar, porém, que essa alta na procura por terrenos tem naturalmente feito os preços subirem, como explica Camargo: “Como em todo mercado no qual a demanda é superior à oferta, os preços tendem a subir. Alguns de nossos projetos tiveram alta de 15% a 20% no preço e, mesmo assim, a demanda continua”, afirma.

    Os outros especialistas não revelam a valorização dos lotes até o momento, mas consideram igualmente que a alta na demanda por este produto imobiliário abre espaço para um aumento gradativo nos preços, a partir da lei de oferta e procura.

    Perspectiva para o futuro

    De acordo com o Camargo, o bom desempenho do mercado de loteamentos, assim como o trabalho realizado pela Perplan, devem fazer a empresa encerrar 2020 com um retorno 30% acima das metas traçadas antes da pandemia. Para o ano que vem, a expectativa segue positiva.

    “Em 2021, daremos um salto muito grande e devemos lançar de sete a dez projetos, entre loteamentos e incorporação. Estamos expandindo nossas operações para o interior de São Paulo, Minas Gerais e Goiás e seguimos confiantes que o mercado continuará respondendo”, assegura Camargo.

    Para a ITV Urbanismo, a perspectiva também é boa: “Com a pandemia, ficou mais evidente que morar bem é uma questão de necessidade. Por isso, pretendemos fazer novos lançamentos, parcerias e projetos em 2021. Se um ano atípico como este foi um sucesso, as perspectivas são excelentes para o próximo”, afirma Baccaro.

    Por fim, o otimismo também envolve a ZS Urbanismo: “O loteamento mais do que nunca atende um desejo do consumidor em poder morar em um bairro planejado, no qual sua família possa permanecer por mais tempo, tendo o lazer e a qualidade de vida no centro de tudo. Os produtos que serão lançados no mercado certamente buscarão atender este desejo”, conclui Zitune.

    Foto: davidpradoperucha/Envato

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